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Radomécio Leite

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É tempo de safra

07/07/2012 às 16h33

Do alto de sua experiência e sabedoria, Padre Gualberto (in memorian), meu amigo e compadre, costumava afirmar, durante o período das campanhas eleitorais: chegou o tempo da safra da maioria de nosso eleitorado, principalmente dos menos favorecidos da vida.

Por mais que haja fiscalização da justiça eleitoral para que o cidadão não venda e nem negocie o seu voto, ela não tem conseguido barrar esta prática, já com raízes profundas, no seio de nossas comunidades.

Tenho conversado com muitos candidatos a vereador, que é o saco de pancadas em eleições municipais, que têm externado imensas preocupações com os custos de suas campanhas e dizem que a cada eleição o eleitor fica mais vez mais sabido e experto.

Antes os eleitores pediam coisas simples, ajudas simbólicas, um par de dentaduras, um exame de vista. Nos dias atuais: emplacamento de motos e automóveis, às vezes com atrasos de quatro ou cinco anos, as mensalidades da faculdade, exames sofisticados, quitação da casa própria e do financiamento do carro ou moto e a carteira de motorista. E não falta aquele básico pedido: emprego para toda família, além daquele restinho de material que falta para concluir a casinha.

Político que não sabe prometer pode desistir da vida pública e quanto ele mais promete mais esperança de conquistar o voto ele vai adquirindo. E de promessa em promessa ele vai atapetando a sua campanha e enganando o eleitor, que se finge satisfeito e que vai votar nele.

Alguns candidatos a vereador, que são aliados dos prefeitos, sempre têm mais chances de atender quase todas as demandas, principalmente aquelas montanhas de pedidos de remédios, de caçamba de areia, de contas de água, luz e telefone.

Conheço alguns fatos inusitados: tem um cidadão que durante todo o período da campanha não gasta uma ruela com gasolina, porque tem sempre duas ou três “ordens” no bolso para abastecer seu carro do ano, conseguidas com os candidatos e outro que abastece sua dispensa e o dinheiro que era para fazer a feira de cada mês para casa vai parar na poupança e tem outro que consegue logo no inicio da campanha quatro pneus novos para seu veículo. Tudo isto é o preço do voto.

Estes são uns poucos exemplos, entre muitos, que temos observado em todas as campanhas, que infelizmente os políticos, com raras exceções, praticam e alimentam e vicia cada vez, a cada eleição os seus eleitores. São os próprios políticos que tornam cada vez mais caras as campanhas.

Ora, se entre os eleitores funcionam estas moedas de trocas, este famigerado escambo de interesses, imaginem o que não ocorre entre os candidatos a vereador e seus patrocinadores, principalmente os candidatos a prefeitos, deputados estaduais e federais? Nesta esfera vale tudo e o preço é bem mais alto.

É como Padre Gualberto dizia: está no tempo da colheita, até porque é o único momento em que o voto do pobre tem o mesmo valor do cidadão mais rico e é quando todos se tornam iguais perante as urnas e é por esta razão que a democracia é bela.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Radomécio Leite

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Contato: [email protected]

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