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José Anchieta

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Eternamente Responsável Por Aquilo …

13/12/2007 às 18h23

Quem ainda não leu “O Pequeno Príncipe” deve ler. Considero inadmissível que alguém não tenha ainda caído de avião no deserto com Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry filho do conde e condessa de Foscolombe nascido em Lyon aos 29 de junho de 1900 e morto aos 31 de julho de 1944.

Faço um veemente convite a procurar nas livrarias, ou mesmo tentar buscar na internet o texto acima citado. Feito para crianças, traz mensagens que conduz os adultos a uma séria reflexão do começo ao fim. É bem verdade que a palavra Deus não aparece nenhuma vez, mas o texto por completo nos conduz a Ele.

Gostaria de hoje, neste artigo, compartilhar os frutos de minhas reflexões, depois de umas trinta lidas do pequenino texto. O melhor capítulo, sem dúvida, é o do encontro do principezinho do asteróide B 612 com a raposa. Esperto, o animal explica ao menino – que não tem nome, pode ser qualquer um, eu ou você – a arte de “cativar” um amigo: “você ainda não me cativou” … “e o que é cativar?”. Então a raposa explica ao “petit” que cativar significa dar atenção, voltar-se para o outro como que se esquecendo de si mesmo, de tal modo que aquele foi cativado “torne-se único no mundo”.

Contudo, “cativar” exige tempo, paciência, reconhecimento dos limites próprios e dos outros. A expectativa por um encontro gera uma sadia ansiedade, característica dos amigos (dos verdadeiros amigos, daqueles que são capazes de morrer uns pelos outros): “tu tens que chegar sempre à mesma hora; se chegares a qualquer momento, não saberei quando te esperar. Mas, se sei que tu vens às quatro horas, às três já estarei alegre a te esperar”.

“Pedagogicamente”, ao ouvir o pequeno príncipe dizer que tinha em seu planeta uma rosa muito exigente no amor, a raposa o convida a olhar as milhares de outras rosas que existem no planeta Terra. E, eis a constatação: são todas iguais! Não têm nenhum valor afetivo. “Foi o cuidado que tiveste com tua rosa, aguá-la, protege-la do vento, aduba-la, que a fez única”. E o príncipe aprendeu que só existia uma única rosa no universo inteiro, que era a sua…

À despedida, a raposa começou a chorar com saudades do príncipe, ao que foi interpelada por ele: “mas foste tu que me pediste para cativar-te, não queria fazer-te o mal”. “Eu sei, disse a raposa, mas não me fizeste o mal … fizeste-me o bem … os campos de trigo não tinham nenhuma serventia para mim, agora terão, pois farão com que me lembre dos teus cabelos loiros …”

E, finalmente, a grande revelação do segredo da raposa: “o essencial é invisível aos olhos”, por isso, “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, o essencial só pode ser visto com o coração. Não estaria Saint-Exupéry pensando em Deus naquele momento? Só podemos enxergar a Deus com os olhos do coração, pois, neste assunto, os olhos da face enxergam apenas o que não é essencial, o que é acessório. Eles, porém, nos conduzem a algo.

Costumo dizer a quem tem o olhar sereno: “você tem a alma bonita” (disse isso pouquíssimas vezes na minha vida). Os olhos são a janela da alma e pela tranqüilidade dos olhos físicos, notamos a eficiência dos olhos do coração, a enxergar o infinito. O que consegue este feito (enxergar o infinito), consegue cativa-lo e, de certa forma, torna-se “eternamente responsável por aquilo que cativou”. Quem cativou a Deus, que se deixou cativar, tornou-se eternamente responsável por fazer com que Ele se sinta bem em sua casa, ou seja, na nossa alma. E somente quem tem a “alma bonita” consegue enxergar o essencial, pois já o possui dentro de si.

Eis aí os ventos natalinos … que tempo propício para retornarmos à nossa inocência infantil e, por um lado, deixar-se seduzir pelo menino da manjedoura, por outro, cativa-lo, fazendo com que Ele se sinta bem em nosso coração.

Viva Exupéry!

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

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