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Renato Abrantes

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Feliz Natal?

17/12/2008 às 00h00

Que dizer do Natal deste ano, além dos desejos de que ele seja “feliz”? E o que dizer do ano de 2009, além dos augúrios aos amigos que ele seja “venturoso”? Honestamente, não sei. Não sei com que sentimentos voltarei para casa depois da “missa do galo”, pois é impossível pensar em um “feliz natal”, quando tanta gente ainda está à margem desta aspiração.

Todos os anos, aos familiares e aos amigos, desejamos que tudo de bom lhes aconteça, mas esquecemos dos que não são do nosso círculo e também gostariam de ouvir em alto e bom som o sincero (é mesmo?) “feliz natal” e que não têm ninguém que lhes direcione essa frase.

Desejar feliz natal aos nossos é bem fácil, eles não nos são incômodos e, mesmo que desafetos, Natal é tempo de reconciliação; mas, por demais difícil fazê-lo ao mendigo que está todo urinado na esquina mais próxima, ao menino de rua que, nas portas dos restaurantes, espreita a saída do cliente para pegar o resto de carne que ficou no prato, ao jovem que passará esta noite fumando maconha, ou crack, ou cheirando cocaína. É difícil, pois não ainda reconhecemos neles, nestes pequeninos e preferidos de Deus, o próprio Jesus, o Menino Jesus, a abordar nosso ser. E, em geral, o doce Menino Jesus passa despercebido por nós.

E o mais surpreendente é que isto não nos custa nada! Acolher o pequenino custa apenas um pouco de boa vontade. Um pequeno gesto, talvez o menor gesto de comprometimento com o desejo de que todos tenham realmente um “feliz natal”, com certeza fará o Menino Jesus sorrir em meio a tanta sujeira, a tanto fedor, em que ele próprio, nos pobres de hoje, está imerso. Não é preciso grandes coisas.

Conta-se a estória que, em um mosteiro, Nossa Senhora apareceu na noite de Natal com o Menino Jesus em seus braços. Dentre os monges, privilegiados para mimar o menino, compareceram os importantes, os intelectuais, os peritos em suas diversas artes. Assim, em fila, um a um começou a tentar agradar a Jesus, com suas cartas belíssimas, com seus artesanatos fabulosos, com seus presentes feitos com maestria. Porém, no último lugar da fila, eis que um monge de certa idade, que era o responsável pelo pomar do mosteiro, também se apresentou para fazer algo para o Menino Jesus.

Acontece que aquele monge não sabia nem mesmo ler, e isto preocupava os superiores, que temiam passar vergonha, dada a ignorância dele. Na frente de Maria e de Jesus, o monge ficou parado e nada disse; lembrou, contudo, que, em seus bolsos, havia três laranjas colhidas há pouco, tirou-as e começou a fazer malabarismos com as laranjas, como aquele pessoal do circo. E todos os monges ficaram espantados, pois foi unicamente a este monge que nada sabia fazer além de puxar a enxada a quem o Menino Jesus dirigiu uma mimosa gargalhada infantil.

Com um pequeno gesto, aquele monge tido como ignorante agradou ao Menino Jesus.

Que nós, hoje, faremos para desejar ao Menino Jesus um Feliz Natal? Ele está nas ruas – as modernas manjedouras – sujo, bêbado, prostituído, drogado, passando fome ou frio a nos esperar? Que faremos nós neste natal?

Não desejarei Feliz Natal a você, caro leitor; ao invés disto, gostaria que, a cada “feliz natal” que você desejar a alguém, fizesse com a máxima sinceridade do coração. E que não o desejasse somente aos seus, mas a Jesus Menino, para que Ele sorria para você.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

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