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Nadja Claudino

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Impressões de Uiraúna, 1ª Parte

27/08/2008 às 21h05

Como se não bastasse o fato de eu ser extremamente, naturalmente, inevitavelmente nostalgista (a palavra é essa sim), vem me acontecendo coisas quase transcendentais nessa pequena cidade onde moro há duas semanas. É como se eu estivesse voltando no tempo, literalmente.

Primeiro, ela me lembra bastante uma cidade que eu penso que um dia estive na infância: as casas, as luzes que iluminam essa avenida aqui em frente ao apartamento, as calçadas com as pessoas sentadas em cadeiras de balanço, papeando como quem apenas espera a banda passar, a largura das ruas e a curiosa impressão de que todas elas levam à praia, e que todo dia é domingo, e enquanto caminho por elas, penso que a qualquer momento vai tocar Hope Of Deliverance naqueles alto-falantes pendurados nos postes; sem contar a esquina desse prédio convidando para brincar de pique-esconde à noite e as paqueras de meninas adolescentes, coisa que não me acontecia quando eu era um. Enfim, é como se essa cidade estivesse me dando a chance de gozar novamente sensações de outros tempos, ou gozar pela primeira vez as que deixei passar. E isso chega a me dar arrepios.

Hoje pela manhã, então, tudo se confirmou; percebi que não estou delirando. Ao entrar na cozinha da casa onde tomo café da manhã, fiquei extasiado. Por um instante achei que aquilo não era verdade. Cheguei a esfregar os olhos pra me certificar de que estava mesmo acordado. E estava. E aquilo era verdade. Tinha um prato de cuscuz de arroz sobre a mesa. Vocês têm idéia de quanto tempo fazia que eu não via cuscuz de arroz? Vocês têm idéia do que aquilo significou para mim?

*Trilha sonora enquanto escrevo esse texto: Hope Of Deliverance (Paul McCartney), música que eu não ouvia há 15 anos 


Jocivan Pinheiro
(www.osfilhosdoshippies.blogspot.com)

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Contato: [email protected]

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