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Renato Abrantes

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Leia em 2012

29/12/2011 às 00h00

                                                                                            

Precisamos da poesia para sobreviver, pois, de fato, a vida é muito árida. As palavras bem encaixadas, sintonizadas e utilizadas com maestria por quem sabe fazer isso tornam a existência mais branda. Tem a concatenação de palavras, escritas ou faladas, o dom analgésico. Por vezes, anestesiando a dor que assola o nosso cotidiano.

Não me refiro a uma analgesia entorpecente. Esta, causada pelas drogas, apenas lança o sujeito para longe de si, sem trazê-lo de volta. Ao contrário, as palavras lançam o sujeito para dentro de si e o devolve ao mundo, bem diferente de antes. Melhor, seja no existir, seja no enfrentar os dramas da vida.

Ah, a poesia, as palavras concatenadas na prosa e no verso, na voz dos cantadores, dos violeiros, dos declamadores. Os sons guturais, linguais e sublinguais dos oradores, sacros e profanos, dialéticos e retóricos, a reproduzir o arranjo das palavras escolhidas a dedo e que compõem a majestosa sinfonia do discurso.

O que seria de nós sem a escrita? Outros mundos nos são apresentados e queremos deles fazer parte. Nosso mundo nos é reapresentado e desejamos mudá-lo para melhor. O que seria de nós sem a reflexão que um bom livro proporciona? Tornamo-nos outros, sem nunca deixar de sermos nós mesmos.

A leitura constrói os gênios e os santos. Aprender a ler e aprender a ir além do que está escrito, do que está nas linhas, atingir as entrelinhas e tornar-se um desbravador de significados e de significantes, trazendo a lume a real intenção de quem escreveu.

Sem a palavra, como comunicariam os comunicadores, como catequizariam os sacerdotes, como ensinariam os professores, como se declarariam os apaixonados? Sem a palavra, como comporiam os músicos, como clinicariam os médicos, como defenderiam os advogados?

Meus senhores, a palavra… de tão nobre reveste-se a concretização da comunicação e da linguagem, que o próprio Deus quis ser tido e conhecido como “a Palavra”, ou “o Verbo”, ou, ainda, “o Lógos”. Palavra do Senhor que, justamente por isso, é Palavra da Salvação.

Quando nos conscientizaremos da força que a palavra tem? Quando começaremos a exigir que a educação assuma um novo perfil que não mais o de formar “apertadores de parafusos”? Até quando os professores insistiremos na técnica e deixaremos de lado a filosofia que há por traz da técnica? Desejamos que nossos alunos sejam excelentes odontólogos, enfermeiros, farmacêuticos, advogados etc., mas esquecemos que, antes disso, eles têm que ser excelentes homens e mulheres e bons cidadãos. Em poucas palavras: não os ensinamos a ler e a ter gosto pela leitura.

Que 2012 seja um ano de saltares leituras para todos nós. Que 2012 traga para nós a ousadia de adentrar um livro e devorá-lo com a fome dos famintos de saber. Que 2012 signifique mais educação, não tanto técnica, mas, principalmente, humanística.

Feliz 2012 para todos nós.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

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