header top bar

Renato Abrantes

section content

O que faz um Papa?

30/03/2012 às 00h00

                                                                                       

A recente viagem de Sua Santidade, o papa Bento XVI, ao México e a Cuba nos deu a oportunidade de contemplarmos a beleza e a grandeza da Igreja. Enquanto a grande imprensa (já entediante pelo seu monótono discurso a respeito da pedofilia no clero) ocultou de todo modo o sucesso da viagem do pontífice, a imprensa imparcial deu destaque à viagem e revelou-nos detalhes muito interessantes.
 

Os mexicanos, de espírito alegre e hospitaleiro, receberam o papa com alma grande. De povo profundamente identificado com o catolicismo e com a Virgem Maria (por lá se diz, “ai de nós, se falarmos contra a Guadalupana”, em referência à aparição de Nossa Senhora em Guadalupe), o México identificou-se com aquele ancião que partiu confirmar-lhe a fé: o sucessor de Pedro.
 

Contudo, Bento XVI não viajou apenas para os católicos; pelo contrário, foi para todos. Seus discursos versaram, também, sobre o narcotráfico, o crime organizado, a violência, a secularização, o gritante distanciamento entre pobres e ricos, temas que, muito dificilmente, outro chefe de Estado, por questões diplomáticas, se atreveria a tratar.
 

Em Cuba, o mesmo sucesso. O povo de lá, de alma profundamente mariana, mesmo com a peste do comunismo desgraçando a bela ilha há mais de meio século, acolheu o papa como quem, olhando para o alto, está procurando reconstruir a sua pátria. Democracia e direitos humanos, inclusive dos presos políticos, foram a tônica da fala do papa em pleno território cubano.
 

Destaque para o encontro com Fidel Castro. Talvez em tom de deboche (recebeu o papa em um agasalho esportivo), o revolucionário perguntou a Bento XVI “o que faz um papa”. Em resposta, ouviu explicações sobre o ministério da paz e da concórdia entre os homens.
 

Certamente “abalado” pela resposta, o conhecido ateu pediu ao papa que lhe enviasse um livro que o auxiliasse em suas reflexões, a este mesmo papa que, dias antes, tinha posto o “dedo na ferida”, ao dizer que o comunismo não funciona mais em Cuba. Aqui, novamente a quebra da hipocrisia diplomática e a prevalência da coragem profética, pois o povo cubano sofre. Que outro chefe de Estado, em pleno solo cubano, diria isso? Nenhum. Somente o papa.
 

Os caminhos de Deus são assim, silenciosos e demorados. Necessária se fez a ida de Bento XVI a Cuba para “balançar” o coração de Fidel, já no final de sua vida. O começo de um retorno para Fidel? Só Deus e o mais íntimo do coração do líder cubano sabem. Um novo começo para o povo cubano? Só Deus sabe. A nós, cabe torcer para que a mudança pessoal atinja outros níveis, como o político, econômico e social.
 

Bela é a Igreja. Grande, porque pequena. Viva o papa!


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: