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Renato Abrantes

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Pela Vossa Dolorosa Paixão…

30/03/2008 às 00h00

Transformações urgentes em nossa sociedade são imperativos decorrentes da ressurreição de Cristo que estamos celebrando. A páscoa não terminou; ela prossegue como solenidade litúrgica ininterrupta até o próximo domingo, a “oitava da páscoa”, em que se celebra a “Festa da Divina Misericórdia” (Deus tão bom que se dignou morrer por nós, de forma ignominiosa, para nos reinserir no coração de Deus). E, a partir daí, até pentecostes, memorial da vinda do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos – a Igreja nascente reunida em oração no cenáculo. E, mais, a cada domingo, que tem o mesmo “peso” litúrgico do domingo de páscoa, em virtude do mistério celebrado ser sempre o mesmo: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus.

Mas, como celebrar a liturgia com toda solenidade sem fazer o nexo entre o Jesus que sofreu há dois milênios e o Jesus que sofre hoje? Entre o Jesus que ressuscitou naquela radiosa manhã de domingo e o Jesus que precisa ser ressuscitado hoje em sua dignidade, seja no menino de rua, seja na mulher prostituída, seja no adolescente drogado, seja no idoso abandonado?

Não há possibilidades de a afirmação do pobre Karl Marx (“a religião é o ópio do povo”) encontrar respaldo numa religião que se afirma seguidora de Cristo que deu sua vida em favor de muitos. Este “em favor de muitos” significa redenção, ou seja, escravos que éramos do pecado e da morte, fomos resgatados a preço altíssimo, o preciosíssimo sangue de Nosso Senhor. Eis a primeira libertação, a libertação de nossos pecados, a libertação espiritual. Escravos que éramos, agora somos livres; mortos que estávamos, agora vivos.

“Em favor de muitos” significa mais: uma vez livres das amarras do pecado e da morte, uma vez livres espiritualmente, dispomos de todos os recursos – e poderes de filhos de Deus, reconciliados com Ele – para levar adiante a libertação da qual um dia nós fomos (e continuamos sendo) destinatários. Quantos irmãos nossos ainda vivem sob a égide de Satanás e do seu reino! Basta olhar para as propostas de morte que o mundo permanentemente nos oferece!

E, se os efeitos da redenção de Cristo se fazem perceber na humanidade redimida, os efeitos maléficos da ação do demônio se fazer evidentes nesta mesma humanidade (e em cada um de nós), quando se fecha em seu egoísmo e no seu individualismo. “Passa fome porque é vagabundo e não trabalha”, “é prostituta porque é safada”, “se droga porque é um malandro”: quantas vezes ouvimos (ou dizemos) expressões como estas que denotam não redenção, mas, sim, desperdício do sangue precioso de Cristo.

O sangue e a água que jorraram do corpo de Cristo pendente do madeiro da cruz não pode ser desperdiçados de forma alguma. Misericórdia a nós foi concedida; agora temos que usar de misericórdia para com os outros, particularmente aqueles que são considerados o “peso” ou a “escória” da sociedade, aqueles que “não valem nada”.

Uma religião que desperdiça a bondade de Deus, essa sim é “ópio para o povo”. Pois não é senão pela misericórdia (a de Deus para conosco e a nossa para com os outros) que seremos salvos. Assim, da liturgia pascal, belíssima em toda a sua extensão, colheremos os frutos que nos garantirão a santidade, a nossa e a dos outros.

Celebremos a Misericórdia!

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

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