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Radomécio Leite

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Tragédia anunciada

06/11/2012 às 00h31

Quem tem andando pela zona rural do município de Cajazeiras e conversa com os pecuaristas observa que eles têm como uma certeza, caso não chova até o final de dezembro, uma tragédia: não vão ter condições de escapar o seu rebanho, porque vão ficar sem água e muito menos com pasto.

Esta semana um amigo, que do seu rebanho só restavam duas vaquinhas esqueléticas, fez negócio com um amigo: alugou um carro e mandou-as para a sua propriedade, mas passado a seca só vai receber uma de volta, porque a solução que encontrou foi da-las de meia para não vê-las morrer.

O milho que o governo federal está vendendo com preço diferenciado do mercado, a R$18,00 a saca de 60 quilos, para que o pecuarista possa ter direito, primeiro: tem que ter muita paciência e perseverança, digo isto porque eu mesmo percorri uma via crucis para me cadastrar e depois de meses fui informado que teria direito a 5.950 quilos, para alimentar 80 cabeças de gado e 150 ovinos, mas para desencanto, veio uma segunda informação: somente dentro de 20 dias úteis iria receber cerca de 900 quilos e o restante sem previsão de data. Tem ainda outro detalhe: tem que ter transporte para ir buscar o milho em Sousa, porque não temos a agência da CONAB em Cajazeiras.

Diante desta situação não teve outra solução: a exemplo de outros pequenos pecuaristas, para não ver o rebanho morrer, estamos comprando a preço de ouro: milho de cinquenta reais a saca, farelo de algodão de 50 quilos a cinquenta e cinco reais a saca e da ração que está vindo do Ceará a trinta e cinco centavos o quilo.

Está vindo também para Cajazeiras ração enviada pelo governo do estado e cada pecuarista está tendo o direito de receber 10 sacos, cerca de 250 quilos, se o rebanho for superior a 30 animais, a cada 15 dias e se inferior a 30 receberá entre cinco e nove sacos. Esta quantidade é o suficiente para tentar salvar meia dúzia de caprinos. Para receber esta ajuda é necessário, depois de feito o cadastro, chegar muito cedo ao Parque de Exposição de Cajazeiras e tentar conseguir uma ficha, levar os sacos e a pessoa é quem deve enchê-los, porque no máximo dar para atender 100 pessoas e vale ressaltar que existem cerca seis mil pecuaristas na região. Aqui vale o velho ditado popular: “o pouco com Deus é muito”.

Raro é o pecuarista que ainda não teve prejuízo, além de não encontrar a quem vender seu rebanho, quando encontra comprador, no máximo o preço atinge apenas 20% do valor e muitos estão vendendo para não vê-lo morrer e sua propriedade se transformar num cemitério de animais, para felicidade e alegria dos urubus, que segundo um amigo estão gordos e bonitos.
Só nos resta rezar e rezar muito mesmo para que chova bastante, caso contrário estamos diante de uma tragédia: a quase extinção do nosso já pequeno rebanho.

Lamentavelmente existe um fosso sem tamanho entre o que pretende e anuncia o governo federal e o que estamos vivendo no nosso pobre e sofrido sertão diante de mais um triste quadro de uma grande seca.

Aeroporto
O processo que solicita, junto a ANAC, o balizamento noturno de nosso aeroporto, já está em fase final. No inicio da semana recebi o seguinte e-mail: “Caro Jose Antonio – Agradeço seu empenho pela minha solicitação, as razões apresentadas serão de grande valia para justificar o balizamento noturno”.
Atenciosamente. Cel. Fábio, DER/PB.
 


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Radomécio Leite

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Contato: [email protected]

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