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Aparecida Cardoso

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Um grito de silêncio: Diário de um(a) depressivo(a)

19/01/2024 às 18h08 • atualizado em 19/01/2024 às 18h11

Coluna de Aparecida Cardoso - imagem ilustrativa - reprodução/internet

Por Aparecida Cardoso – Escondo-me de todos, do mundo, mas não há mais como esconder-me de mim mesmo(a). Não há como dizer que está tudo bem, se não está.

Os dias vêm e vão e com eles vão também minha paz, meu pensamento sadio, minha sanidade mental, que é o que eu tenho de mais precioso.

Aos olhos do mundo, tudo parece calmo, tranquilo, dentro dos padrões normais. Dentro de mim, uma solidão cortante, ingrata e cruel, que me deixa isolado(a), mesmo rodeado(a) de pessoas, sozinho(a), mesmo em meio à multidão.

Percebo que existem dois lados e preciso optar. De um lado ouço risadas, alegria, gente vivendo. Do outro lado, vejo um imenso túnel, sem luz e não há como definir a profundidade, nem a distância para chegar ao seu final.
Com o coração sangrando por dentro, agarro-me ao que me parece mais simples, a vida, o mundo. Porém minha mente não se adapta, titubeia e não me deixa pensar e escolher.

Assim, meio perdido(a), sinto-me tonto(a), tropeço e afundo-me num mundo vazio e cheio de amargura. Tudo dentro de mim é gritante, porém impossível alguém idealizar, perceber, escutar.

Grito, grito, grito! Ninguém me escuta. Talvez eu não tenha a intenção que alguém realmente me escute. E assim vou perdendo a razão, a emoção, a paixão pela vida. Nada faz mais sentido. Perco totalmente o interesse em tudo, principalmente em viver.

E assim dou um salto para o túnel, mergulho de cabeça na sua profundidade, sem fim, sem volta, mas onde certamente irei encontrar a paz. Lá, nada mais irá me amedrontar, me entristecer ou me ameaçar. Lá, todos serão iguais e a luta é apenas em prol de um único objetivo, a vida eterna.

E mesmo que aos olhos do mundo tudo pareça ter sido em vão, há sempre uma certeza, a da missão cumprida. Não enfrentarei mais competições, não terei desilusões ou decepções. Serei apenas mais um espírito na imensidão, que não se importará com mais nada, porém, os que ficaram, se importarão.

Então, por favor, respeitem a minha escolha, mesmo que ela não tenha sido saudável aos seus olhos! Não falem nunca o que não sabem! Não julguem, não façam sofrer aos que ficaram! A dor pela minha partida já é tão intensa. Não façam sangrar os corações doloridos.

No lugar de julgamentos, amem mais, respeitem mais, escutem mais e ajudem mais! Vivam intensamente cada dia como se fosse o último. Não deixem para fazer amanhã o que poderá ser feito hoje, seja a prática de boas ações, proferir palavras de carinho, pedir perdão, etc.

A vida na Terra passa tão veloz e nunca sabemos quando iremos embarcar e nem qual será a embarcação. Apenas partiremos.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Aparecida Cardoso

Aparecida Cardoso

Aparecida Cardoso é graduada em Letras pela UFCG; especialista em Língua, Linguagem e Ensino – ISEC; mestra em Letras – UFCG; professora da Rede Estadual de Ensino da Paraíba; escritora e poetisa.

Contato: [email protected]

Aparecida Cardoso

Aparecida Cardoso

Aparecida Cardoso é graduada em Letras pela UFCG; especialista em Língua, Linguagem e Ensino – ISEC; mestra em Letras – UFCG; professora da Rede Estadual de Ensino da Paraíba; escritora e poetisa.

Contato: [email protected]

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