Uma Viagem
“Papai viajou” é assim que às vezes pensamos, por outro lado, a lei da razão diz que a sua viagem foi para o plano espiritual. Entre esta confusão de delírios e realidades há algo que nos acalenta aceitando esta partida com humildade, pois estava escrito nos planos de Deus. Joaquim Pedro popularmente “ Joaquim de Rita” iniciou sua missão na terra no dia 08 de março de 1929.
Cresceu, tornou-se pai e soube driblar as dificuldades das fases difíceis da vida a fim de proporcionar o melhor para a sua família. Não podemos deixar de admirá-lo, papai, um homem simples semi-alfabetizado acreditou na sua capacidade e conseguiu ser além de agricultor: sanfoneiro, barbeiro motorista, mecânico um pouco de profeta e de poeta.
Quando jovem, animou muitas festas dedilhando os botões das antigas harmônicas conhecidas hoje como sanfona sabia empregar as letras musicais nas cordas de um cavaquinho.
Através do trabalho agrícola, sempre buscou carrear recursos para garantir a sobrevivência da família, vendendo o algodão que colhia na roça somado a este lucro os trocados ganhados das passagens dos viajantes em seus “carros de linha” para Cajazeiras. Na verdade o carro de papai era multiuso, quando vinha para Cajazeiras transportava sacos de algodão para vender nas firmas compradoras do produto, de volta, conduzia passageiros, neste ínterim o carro se quebrava e muitas vezes ele mesmo com o dom de mecânico consertava os seus famosos “carros velhos”. Também criava suas vaquinhas, e como bom leiteiro, acordava cedo, contemplava o nascente, tirava o leite das mesmas e as levava para o roçado sem esquecer de que ele já tinha feito o café e entregue a minha mãe ainda no quarto, enquanto isso, nós ainda dormíamos.
Às vezes papai admirava da sorte que teve de ser chamado “Joaquim de Rita”, uma vez que sua mãe chamava-se “Rita” e sua esposa também “Rita”. Ele também se sentia feliz e comentava entre risos que tinha nascido no Dia Internacional da Mulher. São as coincidências da vida que ele encarava com graciosidade e o seu lado poeta disse em um dos seus versos: ”Minha mãe chamava-se Rita, minha mulher Rita também. Esse povo foi embora para o mundo do além. “ Deixou eu achando graça, sorrindo e passando bem”.
Tinha um pouco de profeta quando observava a posição da lua e do cruzeiro do sul, através das experiências populares da barra da conceição, das pedrinhas de sal, da garrafa d’água debaixo da fogueira de São João, fazia conclusões do bom ou fraco inverno,neste contexto mais uma peripécia do poeta Joaquim: “o inverno quando é bom, vem chuva no nascente, chove norte, chove sul, termina no poente”. Os tempos passaram e seu Joaquim chegou à terceira idade, porém com certas características de menino, gostava muito de conversar e perguntar o parentesco das pessoas, os seus radinhos de pilha passaram a ser seus brinquedos, gostava de ouvir a missa e não perdia os programas noturnos das rádios locais, deitava-se em sua cama e adormecia através dos embalos musicais da programação. Era fã de Luis Gonzaga que ele o chamava de “Rei do Baião e dos famosos baiões de viola.
No dia 20 de março de 2014, o pai e bom amigo Joaquim, atendendo ao chamado de Deus encerra a sua missão na terra dá um tchau para: sua filhas Maria do Carmo, Salomé e Ângela, seus familiares, amigos e amigas e viajou para a eternidade. Agora tudo são lembranças recordadas entre lágrimas e consolação e que jamais deixaremos de sentir estas doces saudades de uma pessoa que se foi, mas a sua imagem permanece viva nas nossas memórias.
Professora – Maria do Carmo de Santana Abril de 2014
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário