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Renato Abrantes

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Vou Jogar meu Sapato/Coturno Também

08/01/2009 às 00h00

Haveria quem imaginasse que algumas décadas depois da Segunda Guerra Mundial as vítimas se tornariam algozes. As táticas bárbaras e, pior, desumanas dos nazistas contra os judeus estão sendo literalmente aplicadas por estes – pelos judeus – contra os palestinos (muçulmanos ou cristãos, como nós).

A controvérsia vem de longe. Que melhor expliquem os historiadores; contudo, é sabido que o “crescente fértil” (região que vai desde o atual Irã até o Egito, passando pelo território israelense, considerada berço das grandes civilizações) sempre foi um barril de pólvora. A situação se tornou mais crítica e permanente quando da diáspora, no ano 70 d.C, em que o general romano Tito marchou triunfante sobre Jerusalém, obrigando a fuga ou, como preferem, a dispersão dos judeus pelo mundo, que começaram a viver nova vida, enriquecendo e nutrindo a esperança de um dia voltar para casa. Nada mais justo. Com a terra vaga, começaram-na a povoar os árabes, habitantes das regiões vizinhas e, com Maomé e com os islamitas, a se instalar em definitivo, também considerando Jerusalém lugar sagrado.

Evidentemente, a revolta do povo judeu que morou naquela terra desde 1850 a.C (com a chegada de Abraão) foi crescendo cada vez mais e deu no que sempre deu. O conflito entre povos. Os cristãos da idade média com as cruzadas, ainda entraram na briga, com o intento de recuperar dos maometanos os lugares sagrados. Algo foi feito, mas, graças a Deus, logo saímos do “páreo”, deixando o “ringue” livre para que judeus e muçulmanos se digladiassem ao longo dos séculos.

Porém, esta briga é muito desigual. Depois de dar demonstração inigualável de força com a “guerra dos seis dias”, em que invadiu o Egito num piscar de olhos, Israel mostrou um dos exércitos mais bem preparados do mundo, como ainda hoje o é. Não apenas em armamento, mas, sobretudo, em estratégia, em logística. Uma guerra não se faz apenas com tanques e aviões, mas principalmente com idéias. Além de possuírem um apurado centro de inteligência, Israel conta inegavelmente com milhões e milhões de dólares injetados pelos Estados Unidos. Diga-se de passagem, os grandes banqueiros americanos são judeus.

Do outro lado, utilizando-se de “coquetéis molotov” (garrafinhas de gasolina, com um trapo saindo do gargalo para serem atiradas manualmente), pedras ou, quando muito, alguns mísseis caseiros, o povo palestino e um dos seus braços armados, o Hammas, que está sendo exterminado no terreno a eles destinado por meio de acordo que Israel insiste em não cumprir, a Faixa de Gaza. Os terroristas? Ah, sim, não esqueci deles! Os famosos “homens-bomba” (o hífen continua, segundo a atual reforma ortográfica) são produto de séculos daquilo que prefiro chamar de “legítimo direito de defesa”. Sei que nada justifica os atentados terroristas do Hammas, ou do Hesbolah, mas prefiro interpreta-los assim. Não que eles tenham o direito de agirem assim, desta forma, mas que eles tem o direito de se defender, tem (o acento circunflexo cai…).

Contra uma nação (Israel) cuja constituição ampara a tortura como meio lícito para arrancar a verdade de um prisioneiro, que possui câmaras de gás (aprenderam direitinho nos campos de concentração, não é mesmo?) e que deixa mulheres grávidas palestinas morrerem nas blitzen’s ao impedir a passagem das ambulâncias, creio que o mundo não pode se calar.

Os judeus perderam completamente a autoridade e a moral ao falarem do “holocausto”. Seis milhões de mortos. Lamento muito e sofro com os judeus por este absurdo. Mas, não posso admitir que, em uma semana, cerca de 500 civis inocentes e militares que lutam por uma causa (viver em paz numa terra que lhes é também sagrada) sejam exterminados. Não posso admitir que comboios com ajuda humanitária para os palestinos sejam barrados, nem que navio com o mesmo fim seja alvejado pela marinha israelense.

Os médicos sem fronteira estão há dias pedindo permissão para formarem um “corredor livre” para a assistência aos feridos. Pedido, até hoje, segunda-feira, 05, negado.

Onde está a ONU? Evidentemente, amarrada pelo veto dos Estados Unidos que proibiu de publicar até mesmo uma nota oficial da organização, pois não citou os miseráveis coquetéis molotov dos palestinos.

Quando ingênuo, simpatizava a causa israelense. Afinal, foram expulsos de sua terra e tão maltratados durante milênios. Agora, interpretando melhor a situação, apoio a causa palestina.

Vamos ver em que isto vai dar.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

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