Xamegão: sim e não
Julgo ser um enorme contrassenso qualquer prefeitura do Nordeste brasileiro cujo município esteja na lista dos em estado de calamidade pública ou emergência por conta da seca, promover grandes festas populares com o dinheiro público.
Logo aparecerão os que contra argumentam afirmando que os que querem dançar, brincar e beber no Xamegão e similares também são povo, também são público e, portanto, também têm parte no dinheiro das prefeituras.
Acontece que o interesse coletivo prevalece sobre o particular. Mutatis mutandis a regra jurídica, o interesse da maioria deve prevalecer sobre a minoria. E não tenho dúvidas que qualquer pesquisa séria apontará que a maioria do povo nordestino que vive nessas áreas atingidas pela seca prefere reduzir ao máximo as festas para socorrer os atingidos pela estiagem.
Isso não significa, entretanto, o fim de festas populares como as juninas. Significa, contudo, que elas não devem nem podem ser mega eventos com as famosas bandas “Alho com Bugalhos”, “Tripa com Farinha”, “Buchada com Abacate”, etc, que fazem um forró de gosto no mínimo duvidoso e que levam o dinheiro dessas cidades para grandes centros urbanos como Fortaleza, onde seca não há!
São João, São Pedro e Santo Antônio são sim festas tradicionais do Nordeste que merecem ser cultuadas. Mas que as cultuemos com o que nos é mais tradicional: o forró pé de serra ou, se preferirem, com sanfona, zabumba,triângulo e pandeiro. Isso sim, o verdadeiro forró!
Não fosse pela restituição da verdadeira tradição das festividades juninas no Nordeste do Brasil, o forró pé de serra é autêntico, sonoro, musical, tradicional e, comparativamente com o forró de plástico de péssima qualidade, baratíssimo.
Desta forma, estaremos a um só tempo mantendo as festividades, resgatando a tradição e investindo dentro das possibilidades municipais.
O que não dá, o que não deve e o que não pode, é prefeitura gastar milhões com bandas e a merenda escolar ser de baixa qualidade, faltar remédios nos postos de saúde, faltar transporte escolar, e coisas desse tipo. Tanto mais quando se sabe que os que mais apelam por bandas caras são os filhinhos de papai que estudam e moram fora, andam de carro do ano, e que não precisam de merenda escolar, nem de remédios dos PSF´s e nem necessitam do transporte escolar.
Administrar não é satisfazer a minoria financeiramente poderosa; ao contrário, é retornar à maioria financeiramente menos protegida em forma de serviços os impostos que de todos são arrecadados.
Logo, Xamegão tradicional sim; Xamegão de plástico não!
S O L T A S
*Por que será que a Presidenta Dilma Rousseff perdoa dívida de 900 milhões de dólares de países africanos e não perdoa um centavo do agricultor nordestino endividado junto ao BNB? ;
*A criação da Associação Cajazeirense dos Profissionais de Imprensa -Acapi – é a prova maior da falência da Associação Cajazeirense de Imprensa (ACI);
*Cajazeiras precisa resolver algumas questões antes de querer ter aviões em seus céus. Por exemplo: reativar o transporte coletivo da cidade. Se não temos ônibus, como querer ter aviões?
*O programa Bolsa Família não pode ser um fim em si mesmo. Deve ser uma passagem de média e rápida duração para um emprego. Para isso, a economia precisa crescer!
* Domingo o Trem das Onze entrevista o professor e poeta Carlos Gildemar, pré-candidato a deputado pelo PSOL.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário