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VÍDEO: Fabiano Gomes revela detalhes inéditos da prisão, critica jornalistas e chora ao falar de amigo morto

No Interview Personalidades, o radialista cajazeirense teve uma conversa aberta sobre algumas das principais polêmicas com as quais se envolveu ao longo de quase 30 anos de radialismo, TV e política

Por Luis Fernando Mifô

29/12/2026 às 09h37 • atualizado em 29/12/2026 às 12h47

Entre o amor e o ódio. Assim podemos descrever em poucas palavras a trajetória de um dos comunicadores mais polêmicos da TV e do rádio paraibano. Neste Interview Personalidades, da TV Diário do Sertão, o cajazeirense Fabiano Gomes sorriu, chorou, revelou segredos, admitiu erros, mas também apontou o dedo para aqueles que o decepcionaram na vida pessoal e profissional. Como ele mesmo afirma, o “sincericídio” ainda faz parte da sua personalidade, embora hoje se considere um homem mais “zen” e um pouco mais cauteloso.

No estúdio do seu programa de rádio “Ô Paraíba Boa”, Fabiano teve uma conversa aberta com Caliel Conrado sobre algumas das principais polêmicas com as quais se envolveu ao longo de quase 30 anos de radialismo, TV e política. Cultivar fãs e haters nessa trajetória, segundo ele, é a recompensa e o preço que se paga por fazer sucesso sem ser um personagem.

“Na Paraíba, fazer sucesso virou ofensa pessoal. Fazer sucesso na Paraíba é como você subir numa árvore, estar em um galho bem fininho e lá em baixo cinquenta pessoas chacoalhando a árvore para que você caia”, comparou.

Convivendo entre quem o ama e quem o odeia, Fabiano diz ter aprendido a diferença entre inveja (desejar que o outro não cresça) e cobiça (desejar crescer igual ao outro). Ele coloca no primeiro grupo alguns jornalistas de João Pessoa os quais chama de “companheiros vaselina”.

“Tem jornalista em João Pessoa que chega em um restaurante de café da manhã 9 horas e sai meio dia, fofocando, fuxicando. De meio dia, eles vão para outro restaurante conhecido almoçar, saindo 5 horas da tarde e querem dar certo, e essa conta não fecha”, relatou.

“Eu dou a minha opinião como acho que tem que ser dada, e estou errado. Se eu fosse como alguns companheiros vaselina, eu agradava todo mundo. Mas há um preço que se paga por dizer a verdade, por ser sincero, e eu prefiro pagar esse preço e continuarei pagando porque, por mais que você seja odiado por alguns setores, você é amado por outros, e eu sei que sou um cara amado e odiado. As pessoas que não me conhecem, me odeiam. Mas todas as pessoas que me odiavam e me conheceram, me amam. Tem preço isso?”, acrescenta.

Na Paraíba, fazer sucesso virou ofensa pessoal

Fabiano Gomes abre o jogo no Interview Personalidades, da TV Diário do Sertão (Foto: Diário do Sertão)

Prisão na Operação Xeque-Mate foi “midiática”

Em agosto de 2018, Fabiano Gomes foi preso pela Polícia Federal após descumprir uma medida cautelar enquanto era investigado pela Operação Xeque-Mate, que apurava um esquema de compra de mandato na Prefeitura de Cabedelo. A prisão preventiva foi determinada pelo desembargador João Benedito, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), após o radialista atrasar por dois dias a assinatura diária da medida cautelar imposta para comprovar que ele estava em João Pessoa. No dia da prisão, Fabiano foi levado para a sede da PF, em Cabedelo, e de lá foi transferido para a Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes, conhecida como PB1.

Segundo a denúncia do Ministério Público da Paraíba (MPPB) à época, Fabiano Gomes teria sido um dos articuladores da suposta compra do mandato de um ex-prefeito de Cabedelo – eleito em 2012 e que renunciou em novembro de 2013 – para que o vice assumisse o cargo. Em 2018, a Polícia Federal deflagrou a Operação Xeque-Mate baseada na denúncia do MPPB, na qual o ex-prefeito teria renunciado em troca de dinheiro de um empresário ligado a Fabiano. Na época, o radialista também foi acusado de ter tentado extorquir e constranger possíveis alvos da investigação, com o pretexto de que teria proximidade com autoridades que coordenavam os trabalhos da operação.

No Interview, Gomes afirma que todos os suspeitos, incluindo ele, já foram inocentados das acusações e que a sua prisão foi midiática. “Eles precisavam de um holofote, eles precisavam de mídia, precisavam dar uma sobrevida à Operação Xeque-Mate”, disse.

“Prisão me fez bem”

No PB1, Fabiano Gomes ficou preso preventivamente por 35 dias, em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), dividindo uma ala com 6 detentos “especiais”. Apesar de não ter ficado em celas de criminosos “comuns”, o comunicador conta que sofreu com as condições de estrutura, higiene e tratamento na penitenciária. No primeiro dia, segundo ele, não levaram para a cela o colchão e o lençol que a sua esposa entregou no presídio. Assim, teve que dormir em cama de “mármore” entre baratas. “Eu aprendi a dar valor a um copo de água gelada. Eu passei 35 dias tomando água da torneira no PB1”, relata.

“Eu saía da minha casa irritado quando o chuveiro quente dava um problema. Passava o dia estressado, brigava com minha mulher. Lá eu tomava banho gelado de mangueira. Às vezes eu reclamava do café da manhã em casa. Lá era um pão cru com café frio. Então, você aprende a dar valor às pequenas coisas da vida que você não dava antes”.

Na prisão, Fabiano diz ter finalmente conhecido a palavra de Jesus Cristo através da leitura da Bíblia e parou de “usar o nome de Deus em vão” para ganhar audiência na TV e no rádio.

Eu aprendi a dar valor a um copo de água gelada

Eu saí outro homem, melhor para minha mulher, para meus filhos, para mim mesmo

Fabiano Gomes abre o jogo no Interview Personalidades, da TV Diário do Sertão (Foto: Diário do Sertão)

Ficou sabendo da fuga em massa com antecedência

No dia 10 de setembro de 2018, 92 detentos fugiram do PB1 após um homem explodir uma bomba no portal principal do presídio. Fabiano ainda estava preso preventivamente, mas não fugiu. Ele conta que um dos mentores da fuga – que também estava preso e era ‘vizinho’ de cela – revelou com antecedência o que iria acontecer naquela noite e disse a Fabiano que ficasse tranquilo porque nada de mal iria ocorrer com o radialista e com outros presos que não estavam envolvidos no plano. Fabiano justifica não ter denunciado o plano às autoridades por medo de ser morto na penitenciária.

Durante os dias em que ficou preso, o radialista diz ter feito “amizades” com criminosos de alta perigulosidade, mas que eram “intelectuais”. Com um deles, que seria líder de uma facção, conversava sobre literatura e personagens históricos. “Ajudava o tempo a passar. E com 10, 15 dias a gente vai se adequando. É da natureza da gente. Repito: foi um aprendizado. Das coisas ruins eu tenho que tirar o que foi de bom, senão eu não cresço, eu vou ter traumas. Eu saí outro homem, melhor para minha mulher, para meus filhos, para mim mesmo”.

Mais cauteloso com a política

Um dos aprendizados que esse episódio trouxe foi a cautela com a política, embora reafirme que não cometeu nenhum crime. Hoje, Fabiano atua muito mais nos bastidores de campanhas, onde é preciso ter “a confiança da classe”.

Entre os nomes que ele admira, estão Cássio Cunha Lima, Ronaldo Cunha Lima, Pedro Cunha Lima e Veneziano Vital do Rêgo. Mas há aqueles pelos quais o comunicador alimenta verdadeira repulsa, como Gervázio Maia, e aqueles que provocam uma sensação de preocupação, como o presidente da Câmara Federal, Hugo Motta.

Das coisas ruins eu tenho que tirar o que foi de bom, senão eu não cresço

Fabiano Gomes abre o jogo no Interview Personalidades, da TV Diário do Sertão (Foto: Diário do Sertão)

Impôs a ida de Nilvan para João Pessoa

Fabiano Gomes e o também cajazeirense Nilvan Ferreira surgiram para o rádio como uma dupla quase imbatível nas manhãs de Cajazeiras no começo dos anos 2000. Rapidamente o sucesso chamou a atenção de empresários da comunicação em João Pessoa, e o primeiro a receber uma proposta tentadora foi Fabiano, por intermédio do ex-governador Cássio Cunha Lima, que na época se tornaria uma espécia de “padrinho” do radialista.

Porém, nas primeiras semanas na Capital, Gomes não conseguia se adaptar sem a presença do velho companheiro. Ele diz que chegou a ter depressão e pensou em desistir e voltar para sua terra. Entretanto, durante uma reunião com as presenças de Cássio e do proprietário da empresa, Fabiano teria condicionado a sua permanência em João Pessoa à chegada de Nilvan para que eles reeditassem a parceria novamente, e isso aconteceu. Os anos se passaram e a dupla se desfez. Fabiano alega que não foi por briga, mas sim porque teria recebido uma proposta para crescer profissionalmente ainda mais.

Eleições 2026 e ligação com Cícero e João

Fabiano admite que atualmente está ligado ao prefeito de João Pessoa e pré-candidato a governador Cícero Lucena (MDB), mas não vê incoerência nem conflito de interesses em apoiar também, se for o caso, a pré-candidatura do governador João Azevêdo (PSB) ao Senado. “Se eu puder ajudar João, eu ajudo, e vou ajudar Cícero”, frisou.

Aliás, o radialista defende que Cícero seria o melhor nome para suceder João no governo porque, segundo ele, falta experiência para o vice-governador Lucas Ribeiro (PP).

Emoção ao falar de amigo assassinado

O momento mais difícil da entrevista foi quando Fabiano participava do ‘bate-bola’ sobre diversas pessoas ligadas à sua trajetória e precisou falar, em poucas palavras, do advogado Jardenio Gomes, que era seu amigo de infância e foi assassinado em novembro de 2024, em Cajazeiras.

“Eu já me peguei várias vezes abrindo o telefone de Jardenio para mandar mensagem. Eu não tive o direito de me despedir de Jardenio. Eu tinha até arrumado um avião para sair cedo. Eu tomei tanto remédio que quando acordei, já tinha passado a hora e não dava mais tempo ir”, relata o radialista, emocionado.

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