Vencedor do prêmio Nobel de Medicina morre pouco antes do resultado
Bruce Beutler, Jules Hoffmann e Ralph Steinman, falecido na última sexta-feira, foram anunciados como vencedores
A Fundação Nobel deu início ao anúncio de seus premiados em 2011 com o prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia. O prêmio foi dividido entre o americano Bruce A. Beutler, Jules A. Hoffmann, de Luxemburgo, e Ralph M. Steinman, do Canadá.
Mas o anúncio foi feito antes do comitê do prêmio saber de uma notícia triste: Steinman, que chefiava o Centro de Imunologia e Doenças Imunes da Universidade Rockfeller, em Nova York, faleceu aos 68 anos de câncer pancreático na última sexta-feira (30). Ele teria direito a metade do prêmio, de 1,5 milhões de dólares (cerca de 2,8 milhões de reais).
O Instituto Karolinska, responsável pelo Nobel, anunciou que precisará se reunir e resolver essa questão. Pelas regras, o Nobel não pode ser dado postumamente, a não ser que o laureado faleça entre o anúncio do prêmio e sua entrega, que tipicamente acontece dois meses depois. Também de acordo com as regras, Steinman teria morrido sem saber que ganharia um dos maiores prêmios da ciência mundial.
O secretário do Comitê Nobel para Medicina, Göran Hansson, declarou que é "muito cedo" para dizer o que acontecerá e lamentou a morte de Steinman. "Estudaremos as consequências práticas que isto terá durante os próximos dias junto com a Fundação Nobel", afirmou Hansson.
Os trabalhos de Beutler e Hoffman e de Steinman ganharam o Nobel por ter trazido novas compreensões sobre o funcionamento do sistema de defesa do corpo humano. "Os premiados do Nobel deste ano revolucionaram nossa compreensão do sistema imunológico ao descobrir as principais chaves de sua ativação", afirmou o Karolinska, em comunicado.
Beutler e Hoffmann descobriram proteínas no corpo que reconhecem microorganismos invasores e ativam seu sistema de defesa, enquanto Steinman descobriu as células dendríticas e sua capacidade única de ativar e regular as fases finais da resposta imunológica, quando o organismo “se livra” de seus invasores.
Bruce Beutler, 54 anos, é professor de genética e imunologia no Insituto de Pesquisa Scripps, em La Jolla, na Califórnia. Jules Hoffmann, 70, chefiou um laboratório de pesquisa em Estrasburgo, na França, entre 1974 e 2009 e foi presidente da Academia Nacional de Ciências entre 2007 e 2009.
Hoffman fez sua descoberta em 1996, ao pesquisar como as moscas de frutas combatiam infecções. Dois anos mais tarde, uma pesquisa de Beutler em ratos mostrou que o mesmo mecanismo das moscas acontecia também em mamíferos.
Já Steinman descobriu as células dendríticas em 1973. Elas são capazes de ativar as células T, que produzem anticorpos contra infecções e guardam na memória as características do microorganismo invasor, de modo a mobilizar as defesas do corpo mais rapidamente no caso de um novo ataque.
A cerimônia de entrega dos prêmios acontecerá no dia 10 de dezembro em Estocolmo. No ano passado, o cientista britânico Robert Edwards, considerado o pai do bebê de proveta, recebeu o prêmio por seus esforços na pesquisa da fertilização in vitro.
Nos próximos dias, a Fundação Nobel anunciará os vencedores das demais categorias, correspondentes a Física, Química, Literatura, da Paz e Economia.
Veja a lista dos premiados anteriores com o Nobel de Medicina e Fisiologia:
2010: Robert Edwards (Grã-Bretanha)
2009: Elizabeth Blackburn (Austrália-Estados Unidos), Carol Greider e Jack Szostak (Estados Unidos)
2008: Harald zur Hausen (Alemanha), Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier (França)
2007: Mario Capecchi (Estados Unidos), Oliver Smithies (Estados Unidos) e Martin Evans (Grã-Bretanha)
2006: Andrew Z. Fire (Estados Unidos) e Craig C. Mello (Estados Unidos)
2005: Barry J. Marshall (Austrália) e J. Robin Warren (Austrália)
2004: Richard Axel (Estados Unidos) e Linda B. Buck (Estados Unidos)
2003: Paul C. Lauterbur (Estados Unidos) e Peter Mansfield (Grã-Bretanha)
2002: Sydney Brenner (Grã-Bretanha), John E. Sulston (Grã-Bretanha) e Robert Horvitz (Estados Unidos)
2001: Leland H. Hartwell (Estados Unidos), R. Timothy Hunt (Grã-Bretanha) e Paul M. Nurse (Grã-Bretanha)
IG
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