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Transposição: Gadellha brilha no debate do Senado

O deputado federal Marcondes Gadelha (PSB/PB) discutiu na manhã tarde de hoje o projeto de transposição do São Francisco no Senado Federal. Uma audiência pública promovida em conjunto por várias comissões da casa, como a de Direitos Humanos, debateu por várias horas as obras de integração de bacias no nordeste. Participaram representantes dos grupos contrários […]

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14/02/2008 às 22h05

O deputado federal Marcondes Gadelha (PSB/PB) discutiu na manhã tarde de hoje o projeto de transposição do São Francisco no Senado Federal. Uma audiência pública promovida em conjunto por várias comissões da casa, como a de Direitos Humanos, debateu por várias horas as obras de integração de bacias no nordeste. Participaram representantes dos grupos contrários e favoráveis à obra.

O deputado Marcondes Gadelha participou do encontro que contou ainda com a presença do ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, do deputado Ciro Gomes (PSB/CE), do bispo de Barra, Dom Cappio, do arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, e vários técnicos e representantes de movimentos sociais. A audiência começou por volta das 9h30 de Brasília, e se estendeu pela tarde ocupando o início da sessão ordinária do Senado.

Vários senadores e deputados federais prestigiaram a audiência conjunta no Senado que foi aberta pelo presidente da casa, Garibaldi Alves Filho (PMDB/RN). Garibaldi iniciou os trabalhos lembrando que o nordeste precisa de uma distribuição de águas mais justa e que "esse sempre foi um desafio para os governos". Ele completou dizendo que "não estamos pedindo muito e falamos em nome de 1 milhões de nordestinos que sofrem com a falta dágua. Conheci o problema de perto como filho de agricultores e também como governador do meu estado e sei o quanto é preciso resolver essa situação".

Quem abriu as participações foi o bispo de Barra, Dom Luiz Cappio, conhecido detrator da obra. Cappio voltou a repetir os argumentos já conhecidos de que a água vai para projetos de irrigação e servir ao agronegócio. O bispo também atacou a proporcionalidade da obra: "A abrangência espacial é insignificante em relação ao território do semi-árido". Dom Cappio disse ainda que no nordeste há água em abundância, "o que falta é uma boa gestão das águas". O sacerdote chegou a afirmar que a água per capta disponível na cidade de Fortaleza é superior a de São Paulo. Dado que foi veementemente contestado pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB/CE) que explicou que "pela falta de perenidade nas águas no nordeste não se tem uso pleno da água armazenada".

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, falou logo depois do bispo baiano e tratou de rebater os argumentos de Cappio. Geddel lembrou que a obra não vai mudar o leito do rio. "Estamos levando água ao nordeste setentrional em um nível suficiente para garantir o abastecimento de pessoas". O ministro disse que há realmente água na região, mas por conta da falta de chuva e pela incerteza de períodos chuvosos a água tem que ser racionada. "Poupa-se a água por medo da seca, a evaporação leva 70% do que fica. Se no lugar da seca vem a enchente, não se consegue armazenar a água da chuva e também perdemos a maior parte dela. Com a integração a população vai poder utilizar essa água porque se a chuva não vier, o São Francisco vai abastecer. Quando vier a cheia, os reservatórios não estarão com tanta água e o armazenamento será possível".

Geddel rebateu os argumentos de que os 26m³ retirados do rio vão matar o São Francisco. Ele questionou o motivo de tão pouca água retirada causar o que não causam outras transposições em atividade em Minas Gerais e na Bahia. "Há hoje 3 projetos de irrigação que retiram juntos 170m³ do rio e ninguém nunca reclamou disso. Por que os 26m³ que vão matar a sede de 12 milhões de nordestinos causam tanto problema?, questionou.

O deputado Marcondes Gadelha também rebateu vários argumentos dos contrários ao projeto. O parlamentar questionou "como um rio que está morrendo gera tanta energia e paga mais de 200 milhões de reais de royalties por ano pela produção de energia?". Marcondes afirmou que o rio tem hoje mais água que na época em que foi descoberto por Américo Vespúcio. "É balela que o rio está morrendo. O São Francisco despeja no mar o equivalente a 40 Baías da Guanabara e essa água não serve a ninguém". Gadelha também combateu aqueles que atacam a obra sob a ótica ambiental. "Foram feitos 2 estudos diferentes a mando de 2 governos diferentes pelas maiores autoridades mundiais em impactos ambientais. A conclusão das 2 foi a mesma: não há impacto ao meio ambiente".

A audiência se estendeu até as 15h20 e contou com diversas participações de representantes de movimentos sociais. Os contrários ao projeto repetiram os argumentos e não trouxeram dados concretos que justifiquem o posicionamento contrário. Os que apóiam o projeto lembraram o alcance social da obra como um argumento que por si só já garantiria a conclusão da obra, mas foram além apresentando a necessidade de se levar a água como medida mais apropriada para a solução da falta dágua na região beneficiada.

Ao final da audiência o senador Eduardo Suplicy (PT/SP), articulador do encontro, declarou não ter ainda juízo de valor a respeito do projeto. "O que posso dizer é que estamos todos convencidos da necessidade da revitalização do rio e também da carência hídrica dessas populações atendidas". Suplicy adiantou que pretende percorrer o rio e conhecer de perto o que pensam os envolvidos diretamente na obra. "Durante o recesso no próximo mês de julho vou visitar as áreas ligadas à obra e assim chegar a uma conclusão".

Transposição na Paraíba
O arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, que também falou no Senado, e revelou apoio de diversos outros bispos da região à transposição. Dom Aldo relembrou que o presidente Lula assumiu o compromisso de concluir a obra em visita à Paraíba para o lançamento do PAC em julho de 2007. Pagotto aproveitou a oportunidade e convidou as bancadas do congresso para participar de um ato público em favor da transposição que acontecerá no mês de março na cidade de Monteiro. O arcebispo antecipou a notícia de que a manifestação deve contar com a presença do ministro Geddel Vieira Lima, com quem deve se encontrar ainda na tarde de hoje, 14/02, para acertar a vinda do ministro.

O deputado estadual Leonardo Gadelha acompanhou o debate e se disse satisfeito com as discussões, "apesar dos argumentos repetidos e vazios dos detratores do projeto". Para Leonardo o fato de o congresso discutir a transposição é motivo de comemoração, pois "demonstra que há um compromisso não só nosso e do presidente Lula mas de toda a cúpula política do país. É importante que mostremos à nação o quanto é importante para o nordeste essa obra".

Fonte: Assessoria

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