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José Antonio

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77 anos depois, lembranças do meu pai

04/06/2023 às 12h55

Coluna de José Antonio - Foto: arquivo pessoal

Por José Antonio – Tenho na memória dos meus tempos de infância de uma única viagem de passeio que fiz, talvez, tenha sido a primeira, que foi ao Sítio Bamburral, no hoje município de Cachoeira dos Índios, para visitar meu tio Joaquim Cândido de Albuquerque, irmão do meu pai, que foi professor itinerante e cobrador de impostos da prefeitura de Cajazeiras, que também trabalhou como apontador na construção do Açude do Boqueirão de Piranhas, entre 1935 e 1936.

Meu pai falava muito da inteligência deste seu irmão por parte de pai, dentre os outros que teve do primeiro casamento do meu avô José Antonio de Albuquerque e foi dele que meu pai teve umas poucas aulas na carta do ABC e de matemática, tendo aprendido a escrever o nome, ler muito pouco e apenas as contas de somar e diminuir; pois não teve tempo nem oportunidade de ter aulas de divisão e multiplicação, porque teve que trabalhar, logo aos oito anos de idade, para sustentar sua mãe Isabel Rodrigues de Albuquerque e sua irmã Beatriz, após a sua orfandade paterna, mas depois que botou uma bodega, na vila de Boqueirão, em 1945, foi “forçado” e com a ajuda de minha mãe, a melhorar a leitura e as outras operações de aritmética.

Meu pai era um homem de visão e não deixava passar nenhuma oportunidade que pudesse ganhar dinheiro: sua bodega prosperou com rapidez e viajava, no inicio, quase todos os dias para Cajazeiras para reabastecer com novas mercadorias, até que sentiu a necessidade de ir mais longe e a cada dez dias alugava o caminhão de Antonio Aristides para fazer compras em Campina Grande e a prosperidade aumentava. Trouxe de Campina Grande a primeira geladeira a querosene, que fez o maior sucesso, na venda de suco gelado e picolés e em pouco tempo o moderno equipamento foi pago. Minha mãe era quem enfrentava esta luta.

Transportava suas mercadorias de Cajazeiras para a Vila no misto de Chico Aristides e era o cobrador dos passageiros e como pagamento ganhava o frete de suas mercadorias e da sua própria passagem e em pouco tempo mandou fazer um caixão de madeira que pudesse levar todos os dias o pão, que comprava na padaria de Zeca, para vender na Vila e nas paradas dos sítios e do Sítio Riacho Fundo levava as saborosas cocadas de Dona Maria Soares para uma grande clientela que conseguiu formar para vender estas delicias.

Sucesso absoluto mesmo foi no ano de 1954, quando comprou o primeiro rádio, em Cajazeiras, a Murilo Bandeira, não para a sua residência, mas para ser ouvido na sua bodega e com isto atrair mais clientes. Foi neste rádio que o povo de Boqueirão ouviu a notícia do suicídio de Getúlio Vargas, que durante todo o dia, em pequenos intervalos era divulgado o trágico acontecimento. Lembro que bodega de meu pai ficou completamente lotada. Este rádio ainda existe e se encontra com minha irmã Francineide, que o guarda com muito carinho e sempre que precisava mudar uma válvula só confiava a Galdino Vilante ou a Oziel Vasques, dois excelentes radio-técnicos, que muito contribuíram com a cidade de cajazeiras com seus conhecimentos.

Acho que meu pai, Francisco Arcanjo de Albuquerque, se vivo estivesse, estaria muito feliz com a pavimentação asfáltica entre a Vila de Engenheiro Avidos e a BR 230 e aquela viagem que fazia e que demorava mais de uma hora, vai poder ser feita em poucos minutos. Ele era defensor do progresso e do desenvolvimento, ao ser um dos primeiros a comprar duas linhas telefônicas e a instalar um telefone de veio no Sítio Cochos, bem como foi pioneiro em instalar energia rural em sua propriedade. Esta é outra história, que aos poucos vou resgatando de minha memória, enquanto é tempo…


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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