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Francisco Cartaxo

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Meus avós maternos e paternos (2)

03/12/2025 às 17h44

Coluna de Francisco Frassales Cartaxo - Foto ilustrativa - criada por IA

Por Francisco Frassales Cartaxo – Sem chance de conhecê-los, muito ouvi falar de Higino Gonçalves Sobreira Rolim e Ana Antônia do Couto Cartaxo (Mãe Nanzinha). Ela se casou a primeira com um tio paterno, Serafim Joaquim do Couto Cartaxo, falecido muito jovem, deixando apenas um filho, Joaquim Antônio do Couto Cartaxo, que esposou Maria Sobreira Cartaxo. Tiveram Luiz Sobreira Cartaxo (Laíres), Joaquim S. Cartaxo (Marechal) Luiza S. Cartaxo (Luzinha). Portanto, meus primos unilaterais. Deles, descendem uma porção de gente boa, a exemplo de Eutrópio, o do cinema, Marilídio e Dedé da sinuca, além dos herdeiros de dois casamentos de Luzinha.

Cansou de tantos nomes?

Vem mais. A avó Mãe Nanzinha era neta do português Joaquim Antônio do Couto Cartaxoo patriarca dos Cartaxo, que se casou, primeiro, com uma filha de uma irmã do sesmeiro Luiz Gomes de Albuquerque, chamada Ana de Albuquerque. O segundo casório foi, também, com outra prima de Mãe Aninha, Ana Josefa de Jesus, mãe do tenente João Cartaxo, vítima do morticínio eleitoral em Cajazeiras. Bocejou? Tudo bem, mas pense nos dotes recebidos!

Afinal, quem era o patriarca dos Cartaxo?

O jovem português da vila do Cartaxo que desembarcou no Recife e veio parar na Ribeira do Rio do Peixe. Aí se casou, indo morar no Sítio Prensa, onde construiu um açude que nunca secou. O primogênito do primeiro casamento, José Antônio do Couto Cartaxo é meu bisavô, pai de Mãe Nanzinha. Viúva rica para o padrão da época, ela fisgou Higino Rolim.

Higino era um dos filhos do cearense, professor Francisco Gonçalves Sobreira, atraído pelo padre Rolim para ensinar primeiras letras em Cajazeiras. Aqui se casou com Josefa Maria da Conceição ou Josefa Sobreira Rolim. Advinha de quem era sobrinha? Padre Inácio Rolim. Nosso educador-mor era assim: convidava letrados e ensinava os de casa, parentes e amigos, que se tornavam professores, guarda-livros, delegados de polícia, escrivães, políticos, burocratas, comerciantes.

Um dos sobrinhos, o major Higino Rolim ou doutor Gino, segundo Deusdedit Leitão, teria sido um de seus preferidos. Quem? Aquele que virou nome de rua famosa, graças à meninada que, quase de brincadeira, formou a segunda geração de teatrólogos, professores, cineastas, atrizes, atores, poetas, jornalistas, tendo à frente Eliézer Rolim, sob forte influência de Íracles Pires.

Eliézer trouxe do colégio diocesano de Itaporanga, para onde fora levado pelo tio padre, Sinfrônio de Assis, o germe da arte teatral. E recebeu de Ica, pouco antes de sua trágica morte, muito apoio. Ica casara com o médico Waldemar Pires Ferreira, cujo avô era Higino Rolim! O mesmo da rua onde Eliézer morou, reuniu a meninada, ensaiou e formou a trupe que sertanejou João Pessoa. E levou o Beiço de estrada até o Sudeste!

O resto você sabe.

A menina Marcélia Cartaxo, parecidíssima com Macabea, de Clarice, virou estrela na hora. Depois, foi a Brasília receber o troféu Candango. Antes, sozinha no hotel, quase morre de chorar com saudade de Cajazeiras! Oxente, toma jeito… Gostou. Gostaram. Aí voou para Berlim e trouxe o Urso de Prata! Mas teve de enfrentar um intolerante alemão, que tentou agredi-la porque a julgou ser judia!

Aquela gurizada, vista com desconfiança pela conservadora sociedade cajazeirense, gerou tantos astros, que o nome do meu avô passou a brilhar! Só assim ninguém vai perguntar por Romeu Menandro Cruz, o impetuoso rapaz que, fuzil à mão, matou um dos cangaceiros do bando de Sabino Gomes no assalto a Cajazeiras em 1926.

Aguarde o próximo folhetim.      

Sócio da Academia Cajazeirense de Artes e Letras


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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