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Edivan Rodrigues

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A crise econômica atual

29/11/2008 às 19h07

Começou como se fosse deles. Só deles. Depois ela saiu dos Estados Unidos, ganhou o mundo rumo à Europa, ao Japão e aos outros países da Ásia, África, América Latina. Enfim, alastrou-se num planeta globalizado, com transações em tempo real, no qual as corporações mandam mais do que as nações. Querem o quê? Barrá-la na fronteira nacional? Ora, faz tempo que as fronteiras nacionais sumiram, mano velho.

Quiseram cingi-la à área financeira. Salvemos os bancos, disseram, quando alguns já estavam quebrados, adquiridos a preço de banana em fim de feira… Injetam bilhões de dólares em bancos e similares em nome da natureza sistêmica da crise. O poder público, até então ausente por questões sistêmicas (o mercado precisa ficar livre para repor eventuais desequilíbrios, lembram?), foi convocado a socorrer com a grana de todos, jogando-a num saco sem fundo. E mais, diminuíram impostos, repassaram dinheiro a bancos para irrigar por meio do crédito os bolsos das famílias visando segurar o poder de compra e reanimar o mercado. E vai dar certo? Ninguém sabe. Por enquanto, só há palpite.

Recordemos. Primeiro, foi a loucura de papeis voando pelo mundo, os fundos geridos por bancos de investimentos propiciando a felicidade de milhões de pessoas e empresas. Que papeis? Aqueles comprados como atraente mercadoria do mercado de ganhos fáceis, os rentistas felizes da vida… Alguns desses títulos foram gerados lá em baixo quando milhares de americanos adquiriram confortáveis mansões, pagáveis em suaves prestações a perder de vista. As tais hipotecas imobiliárias que, vendidas como “prime”, viraram “subprime”.

Mais tarde, desmentindo “marolinhas” do presidente Lula, a crise acosta ao Brasil, passa pelo sistema financeiro, os grandes engolindo os pequenos, desce para o espaço real, numa seqüência terrível ainda em começo: pátios abarrotados de mercadorias, férias coletivas, licenças remuneradas, demissões seletivas, desemprego, quedas nas vendas no comércio aqui e lá fora, menos encomendas, mais desemprego, novos favores fiscais, menor arrecadação tributária, redução nos investimentos públicos. E por aí vai, até que se cumpra mais um ciclo da economia capitalista, aliás, estudado desde muito tempo e explicado com engenhosidade e humor pelo professor da UFPB, Nelson Rosas Ribeiro, em debate na Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, no dia 20 deste mês.

E o desfecho? Nem o mestre Chico de Oliveira arrisca fazer previsão. “Eu sei tanto quanto vocês: nada sabemos”. De pouco vale recorrer aos ensinamentos de John Maynard Keynes. Não servem mais pois foram formulados em cima da realidade de 1929, quando havia economias nacionais, hoje banidas, tanto quanto o mercado que, segundo o mesmo Chico é “a mais bem construída peça de ficção”. E o Brasil, como fica? Ah, temos reservas de 200 bilhões de dólares, falam de boca cheia. Não resiste a uma chupada de canudo, desses que os turistas sedentos usam para beber água de coco na praia de Tambaú, diria Nelson Rosas.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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