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Heron Cid

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A fórceps

02/02/2015 às 15h12

Foi um dia duplamente histórico. Pelo acirramento do resultado da disputa hercúlea entre os deputados Adriano Galdino e Ricardo Marcelo e pelos inusitados episódios que circundaram um pleito de colegiado restrito, mas nem por isso blindado das registradas agressões, violações, bate-boca e muito tensionamento.

Era uma crônica esperada. Cada qual, trabalhou nos bastidores intensamente para vencer essa batalha. Adriano Galdino usou a estratégia da exposição. Fez questão de atravessar o processo apresentando publicamente quem seriam seus votos, uma forma de amarrar compromisso.

Ricardo Marcelo, apesar do silêncio, era candidato desde o começo. Agiu como sempre, com a conhecida cautela peculiar ao seu estilo recatado e reservado. Até o último instante, apostou no voto surpresa e no fator secreto da eleição, um convite sedutor às traições no parlamento.

Ainda conseguiu conquistar dois da lista de Adriano Galdino, protegidos pelo manto do sigilo da votação, mas não foi o suficiente. Um voto o separou do empate que lhe daria vitória pelo critério da idade superior ao concorrente. A derrota, entretanto, não tira o legado de sua gestão marcada por avanços administrativos e institucionais e pela postura de independência, coisa que há muito não se via.

Para Adriano Galdino, uma vitória suada. Só de sessão, foram praticamente nove horas de espera, jogo de cintura e muita paciência. Antes, suou para conseguir maioria. Começou a vencer quando teve o desprendimento de abdicar de cara da reeleição e fechar apoio à chapa sucessora, primando pela alternância de poder.

Nos últimos dias, diante dos rumores e ameaças de defecções, Galdino – mesmo ajudado logisticamente pelo governo – precisou de todo o estoque de nervos para não colocar tudo a perder. Apagou incêndios, manteve a serenidade e acreditou na palavra dos colegas. O filho humilde de Pocinhos chega com méritos.

Réu… – Com a vitória do seu grupo, o deputado Tião Gomes (PSL) não deve sofrer qualquer sanção pelo lamentável ato, público e flagrado, de quebra de decoro parlamentar.

…Confesso – Para impedir o processo de votação eletrônico, conforme prevê o Regimento, Tião usou a força. Danificou o sistema e ainda ironizou: “Eu fui um herói”. Coisas da Paraíba.

Fim da batalha – “Foi um processo difícil, doloroso e complicado. A Paraíba tem pela primeira vez um presidente da Assembleia genuinamente filho do povo”, comemorou Galdino, visivelmente emocionado, tão logo assumiu a cadeira de presidente, após o proclamado resultado de sua vitória por 19 votos contra 17 de Ricardo Marcelo.

Tranquilo – Eleito para o segundo biênio, o deputado Gervásio Filho (PMDB) não teme a anunciada ação do deputado Renato Gadelha (PSC) contra a antecipação do pleito.

Reprise – “Não foi a primeira vez que antecipamos, é a quarta vez.”, registrou Gervásio, votado pelos seus colegas de PMDB, Trócolli Júnior e Raniery Paulino, eleitores de Marcelo.

Estupro – “Esse poder não pode ser violado da forma que foi”, bradou Gadelha, revoltado com o ataque desvairado de Tião Gomes ao sistema eletrônico e a antecipação do pleito.

Afinadas – As deputadas Camila Toscano (PSDB), novata, e Daniella Ribeiro (PP) sentaram lado a lado durante toda a primeira tumultuada sessão. Foram com vestidos de cores parecidas.

Lanche – Durante o longo intervalo, gerado pelo impasse da dúvida entre voto eletrônico e voto em cédula, deputados recorreram a biscoitos para saciar a fome do adiantado da hora.

No braço – Dono de quase dois metros de altura, o deputado Jeová Campos (PSB) justificou o confronto físico com um segurança da Casa. “Saí em defesa de Gervasinho”.

Filosofia – “A força não pode vencer o pensamento”, criticou o deputado Bruno Cunha Lima (PSDB), lamentando os episódios de confronto registrados na Assembleia.

Penetra – À exceção dos deputados, só uma paraibana conseguiu entrar no plenário da Câmara Federal, na posse ontem: Maria Doida. Só faltou ser chamada de vossa excelência.

Degustação – O governador Ricardo Coutinho terá um sabor especial hoje na leitura da mensagem ao Poder Legislativo. Pela primeira vez, estará no ambiente sob comando de um aliado.

Judas – Superadas todas as turbulências, entre os vencedores da eleição de ontem na Assembleia agora comenta-se apenas uma coisa: os dois votos que, secretamente, traíram Galdino.

PINGO QUENTE – “Basta verificar os semblantes dos traidores”. Do suplente de deputado Hervázio Bezerra (PSB), afirmando conhecer a identidade das duas traições de votos que assinaram a lista de Adriano.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Heron Cid

Heron Cid

Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba, jornalista desde 2007 pela UFPB, tendo enveredado na comunicação aos 13 anos de idade. Apresentador de rádio e televisão, entrevistador, articulista político, fundador e diretor do Portal MaisPB e da Rede Mais Conteúdo. No Blog, traz a análise da política nossa de cada dia e o debate dos grandes temas sociais.

Contato: heroncid@maispb.com.br
Heron Cid

Heron Cid

Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba, jornalista desde 2007 pela UFPB, tendo enveredado na comunicação aos 13 anos de idade. Apresentador de rádio e televisão, entrevistador, articulista político, fundador e diretor do Portal MaisPB e da Rede Mais Conteúdo. No Blog, traz a análise da política nossa de cada dia e o debate dos grandes temas sociais.

Contato: heroncid@maispb.com.br

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