A hora da onça beber água

Por: Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira – Meus leitores paraibanos. Por uma série de fatores benfazejos, que até pouco tempo atrás era absolutamente inverossímil, temos um cidadão representante de nosso estado como a terceira pessoa na ordem sucessória de nosso país, o Presidente da Câmara Alta do Brasil é um deputado oriundo de Patos, situado no nosso pobre e esquecido Estado da Paraíba.
Então o que devemos fazer, além de nos regozijarmos? Fazer dele uma via para que venham para cá os projetos do interesse de nosso estado, que sempre perdemos ou fomos relegados para segundo plano para outros estados que gozavam de mais privilégios. esses projetos. Pois nos tempos em que Raimundo Lira era, como Senador, Presidente da comissão de economia do Senado, somente colocava em pauta projetos de recuperação de estradas, se viesse alguma coisa para a Paraíba, e dessa forma, nos tempos de Sarney, enquanto todas as estradas do país sofriam com a falta de manutenção, nossas rodovias se mantiveram em perfeito estado de conservação.
Hoje, com a presença de Hugo Mota à frente da Câmara dos Deputados, sua autoridade e sua capacidade de fazer nosso estado de patinho feio da República virar pelo menos um pato bonito (virar um cisne seria querer demais), está a nosso alcance, pois nosso Presidente da Câmara pode desengavetar projetos e engavetar outros conforme sua vontade. E como me falou o nosso deputado constituinte Edme Tavares: “fazer uma chantagem aos poderosos visando o bem comum, não é só válido, como até recomendável”. E isso, está ao alcance de nosso deputado, que não pode de forma alguma deixar passar essa oportunidade.
Posso dar um exemplo que me é caro: Existe um projeto de autoria do então Senador Vital do Rego Filho que trazia um ramal da ferrovia Transnordestina que sairia do Ceará e atravessaria toda a Paraíba, que foi retirado do “plano polianual” no começo do governo Dilma. No início daquele governo, houve uma conferência em que foi a Cajazeiras um representante do governo e eu fiz a seguinte pergunta: “O que nós paraibanos fizemos de tão mal a Dilma para sermos deixados à parte, além de votar nela?” o conferencista me afirmou que desconhecia tal projeto. Para a Paraíba (Cajazeiras, Sousa, Pombal, Patos, até Campina Grande e João Pessoa), esse ramal ferroviário seria uma forma de termos acesso aos produtos do Centro Oeste (grãos, carnes, etc.) a preços muito mais baratos do que quando vindo por transporte rodoviário (um trem puxado por uma locomotiva carrega o equivalente a trinta carretas, gastando quatro litros de diesel por quilômetro), o que viabilizaria uma série de indústrias em nosso estado que hoje são inviáveis por conta do frete, perfeitamente competitivas. É só nosso Presidente trancar alguma votação e pedir que esse projeto seja desengavetado. Com essa ferrovia operando, ganha toda a Paraíba.
Isso é apenas um exemplo do que pode ser feito. Podia falar do Porto de águas profundas, onde a plataforma continental se aproxima mais do litoral (o que se pode constatar vendo qualquer mapa em que se veja a profundidade do oceano), esse entre muitos outros. Nosso estado tem sido aos poucos, relegado para ser apenas um apêndice de Pernambuco há anos. Apareceu essa oportunidade; ela é de ouro. Não a podemos perder.
João Pessoa, 04 de fevereiro de 2024.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário