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Edivan Rodrigues

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A II Semana de História no campus da UFCG

26/11/2010 às 00h47

O contraste entre os convidados da Mesa Redonda e a platéia era enorme. A soma das idades dos seis que compunham à mesa (ex-prefeito Chico Rolim, ex-vice-prefeito Abdiel Rolim, ex-vereadores José Antônio e Chagas Amaro, professor Rubismar Galvão e eu) fica ao redor de 400 anos… No plenário, jovens alunos e professores. Sem dúvida, um cenário ajustado aos objetivos da II Semana de História, promovida pela UFCG, sob coordenação de Rodrigo Cebalos, do campus de Cajazeiras. Professores e estudantes ouviram depoimentos de personagens da história cajazeirense acerca de episódios merecedores de um olhar acadêmico mais aguçado do que as singelas narrativas que lá fizemos.

O simples fato de alunos, mestres e doutores demonstrarem interesse pelas coisas do sertão, como prova a afluência a mini-cursos, conferências, simpósios, debates e atividades correlatas, já representa um avanço. Avanço em face de certas posturas que havia, senão de todos, pelo menos de alguns professores do campus de Cajazeiras. Dou meu testemunho. Quando recolhia subsídios para elaborar o estudo que se transformou no livro “Do bico de pena à urna eletrônica” (Ed. Bagaço, Recife, 2006), fui muito bem acolhido no campus e, entre outras gentilezas, me puseram em contato com um professor de apreciável trajetória acadêmica. Solícito, me ouviu com atenção. Falei que gostaria de extrair da história de Cajazeiras elementos capazes de evidenciar relações patrimonialistas, desde a época do domínio absoluto dos coronéis até nossos dias. Pretendia com isso, aplicar conceitos cristalizados a uma realidade concreta, posto que o foco do estudo era a história política de Cajazeiras.

Ao mencionar esse escopo, o mestre encrespou-se. A missão dele na Universidade era dar aos alunos ferramentas teóricas, transmitir conceitos, por isso, nas questões de política local ele não me podia ajudar, disse, e me encaminhou ao boxe da copiadora onde eu poderia adquirir um texto-apostilha de sua lavra. Assim fiz, matutando com meus botões que aquela atitude envolvia um quê de desdém. Desprezo à realidade que nos cerca. Quer dizer, a nossa realidade. Atitude mais do que estranha. Incabível.

As formulações teóricas no campo das ciências humanas, sociais são um eterno ir à realidade e dela retornar num vaivém constante, os fatos concretos alimentando abstrações e estas, sempre enriquecidas com a volta à realidade para testar formulações, num processo contínuo de aproximações sucessivas visando captar melhor o todo e as partes do mundo real. Isso encerra a própria essência do método e do conhecimento. Assim aprendi e ensinei, também. Parece que era outro o entendimento do ilustre professor, cujo nome esvaiu-se de minha memória. Retive, apenas, que não agia por maldade ou preconceito contra o Nordeste ou contra o sertão, pois seu sotaque o denunciava como irmão do semi-árido nordestino…

Voltemos ao que é bom. Pelo que pude observar, a II Semana de História é atestado da preocupação efetiva com as engrenagens políticas locais, para entendê-las melhor. Atitude, sem dúvida, extremamente salutar para o campus, para a comunidade, para alunos e mestres, enfim, para todos. E para a academia.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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