Á Luiza Moisés, com carinho
Raríssimas pessoas conseguem deixar marcas indeléveis de saudade e de ternura na vida de outras. Raríssimas pessoas conseguem ser elas mesmas, sem nenhum tipo de adereço ou apetrecho que disfarce sua real identidade. Raríssimas pessoas deixam perfumes de alegria, motivação e esperanças, quando passam por nós. Raríssimas pessoas acentuam – nem mesmo que seja por um simples olhar – no outro o melhor que eles trazem, o melhor que eles são.
Entre essas raridades, na minha vida, sempre esteve a minha querida amiga e Professora de Ética e Metafísica: Luiza Moisés. Uma Mulher de coração consagrado a Deus e de vida dedicada e disponível ao Outro, aos Outros, a Todos. Mulher que sorria sempre, não porque alguém lhe contasse ou visse algo engraçado, mas porque, Luiza era assim sorridente, pois trazia no peito a tempera das mulheres devotas, a tempera das mulheres do Evangelho, a tempera das que se doam. E isso era motivo de sobra para a sua alegria contemplativa e por isso, contagiante.
Como eu gostaria de tê-la visto por uma última vez. Como eu gostaria de por rápidos minutos ter olhado seu rosto e me recordar das centenas de milhares de vezes em que ela – com aquele olhar inconfundível e dedicado – me olhava na sala de aula a cada vez que lhe fazia alguma pergunta ou simplesmente a escutava falavando sobre “ O Ser ontológico”… Saudade imensa… Vontade intensa de ter estado no seu velório e no seu sepultamento e ter tocado uma última vez em suas mãos: Mãos de artista dedicada e competente, que revelava o Belo Transcendente em cada movimento do pincel, em cada movimento de sua alma de artista.
Mas foi súbito que soube da Notícia. Fui a João Pessoa para realizar inscrição no Mestrado em Filosofia na UFPB e quando cheguei na Sexta Feira ás 22h, acessando o site do Diário do Sertão, foi como fiquei sabendo do falecimento e sepultamento da minha querida amiga e professora. De inicio fiquei paralisado por alguns minutos, olhando – pois nem mesmo a matéria toda eu consegui terminar naquele momento – e fiquei estático; Olhando, olhando e olhando a sua foto e sem acreditar.
E como que em rápidos segundos a minha memória viajou para as salas de aula da FAFIC e para seus corredores… Não me contive… Bateu uma saudade do peito, saudade nos olhos – e as lágrimas corresponderam a tudo isso.
Posso afirmar: A professora Luiza Moisés foi uma dessas raras pessoas que entrando em minha vida, teve o poder epifânico de me transformar, de interferir na minha existência da melhor maneira que seja possível. Uma mulher de gestos transcendentes e reveladores. Uma Filósofa humilde e simples, mas ao mesmo tempo, intrépida e coerente, porém nunca se ouvir dizer que Luíza tivesse se utilizado de seus títulos ou posição para desagregar, excluir ou agir com desdém com seus pares docentes, amigos discentes ou outros semelhantes que cruzassem pelo seu caminho. Luiza Moisés, Mulher forte e doce, que através de gestos singelos e fortes, revelava a face singela e terna de Deus. Deus-Pai. Saudades imensas… Uma filósofa totalmente consagrada a Deus!
Escrevendo sobre a Professora Luiza Moisés, me recordo dessas palavras da Filósofa Edith Stein:
"A alma da mulher deve ser ampla e aberta a tudo o que é humano. Deve ser cheia de paz, porque as fracas chamas se apagam na tempestade; deve ser luminosa para que, nos cantos escuros, não cresçam ervas más; deve ser reservada, porque as interferências externas podem por em perigo sua vida íntima; deve ser vazia de si para deixar amplo espaço para os outros. Deve ser, acima de tudo, dona de si e do próprio corpo para que sua personalidade esteja pronta a servir em cada necessidade." [Santa Tereza Benedita da Cruz – Filósofa Edith Stein]
Faço minha, as palavras do grande Poeta de Alegrete (RS): Mario Quintana: Presença
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Professora Luiza Móises, Eternas saudades!
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