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Edivan Rodrigues

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A morena contra a loura

07/08/2008 às 17h50

Higino Rolim Neto é leitor exigente. Costuma reclamar, via internet, de texto que não lhe agrada. Semana passada, criticou meus cavacos: você agora só fala de política. É verdade. Tenho dedicado tempo e espaço a temas relacionados com o pleito, em particular, o de Cajazeiras. O clima exige.

Aposentado do Banco do Brasil, escritor, pai, avô e bisavô, Higino mora em Fortaleza há mais de 50 anos. Talvez por isso não lhe sensibilizem os artigos que falam das próximas eleições. Não que ele tenha ojeriza à democracia. Nada disso. Mesmo sem obrigação legal, vota com prazer e paixão. Cidadão esclarecido, Higino se liga nos fatos do dia-a-dia e tem motivo peculiar para acompanhar a vida política de Fortaleza com especial carinho: reside em prédio que fica em frente ao da prefeita Luizianne Lins, candidata a reeleição. De sua varanda ele suspira vê-la em trajes caseiros, na esperança de uma aceno de mão, o coração safenado à cata de suave emoção… Emoção de eleitor anônimo, é claro. E mais que isso, de apaixonado defensor da loura corajosa que enfrentou quase sozinha, quatro anos atrás, até mesmo a cúpula de seu partido, o PT, incluindo o presidente Lula, que ao final teve de curvar-se à vontade popular inclinada para Luizianne.

Agora, a briga em Fortaleza é outra. Cúpula e base estão unidas em torno dela, porém, velhos caciques, outrora travestidos de renovadores, unem-se para derrubar a menina ousada que os desalojou do poder, carregada pela intuição do povo fortalezense. Para enfrentá-la foram buscar a senadora Patrícia Saboia, morena de raiz sobralense, fruto rebelde de uma das mais poderosas oligarquias cearenses. Rebeldia que a levou à militância comunista em tempos de estudantes, se não me trai a memória.

O sentimento dominante a dois meses da eleição em Fortaleza é o de que a luta se trava entre duas mulheres. A loura e a morena. O policial-deputado, Moroni Torgan, perdeu o bonde da história, na medida em que seu discurso contra a violência esgarçou-se com ações policiais adotadas pelo jovem governador do PSB, Cid Gomes, sobretudo, a criação do Ronda, a polícia motorizada que esquadrinha os quarteirões, criando laços com a comunidade. Nos quatro dias que passei no Ceará ouvi muitos elogios às peruas de luxo em circulação pelas ruas e praças da Região Metropolitana de Fortaleza, o 190 estampado na lataria e o número do celular dos policiais do Ronda entregue de prédio em prédio, de casa em casa, na área de atuação de cada viatura. Um sucesso contra a violência na boca do povo. Até agora.

Da varanda de seu apartamento, Higino contempla as luzes acesas no tugúrio da prefeita que ele vai ajudar a eleger de novo. Com seu voto e sua torcida. Por isso, penso que ele voltará a ler minhas crônicas acerca da eleição de nossa terra. Crônicas escritas com amor, sem paixão, na esperança de ver Cajazeiras melhor, a partir de janeiro de 2009.
P S – E as entrevistas na Câmara Municipal? Meu Deus, que despreparo…

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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