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Heron Cid

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A primeira pedra

27/09/2018 às 09h58

Desde quando o radialista Fabiano Gomes foi preso, admiti-me publicamente incapaz de falar do caso com distanciamento e imparcialidade, como receita a prática jornalística.

A minha relação profissional nos veículos de comunicação em que trabalhamos e a afetividade resultado do convívio pessoal com ele não serviria para a defesa, pela suspeição evidente.

Muito menos se prestaria, no seu momento de maior adversidade da vida, ao oportunismo do achaque e do espezinhamento em cima de uma tragédia particular.

Nas nossas diferenças de visões de mundo, somos amigos. Nas nossas discordâncias, nutrimos carinho afetuoso. Não seria no infortúnio que renegaria essa amizade.

Por isso, não foi fácil vê-lo nos corredores do Fórum Criminal depois da audiência de custódia que lhe mandou para a penitenciária de segurança máxima da Paraíba.

E lá, foram 35 dias o suplício vivido por Fabiano onde estão recolhidos os presos mais perigosos do Estado.

Mesmo para quem é matriculado no crime, o presídio – em qualquer lugar do Brasil – é a representação prévia do purgatório. Para quem nunca passou na porta de uma cadeia , o próprio inferno na terra.

Hoje, por decisão de maioria ampla, o Tribunal de Justiça da Paraíba abreviou o martírio a que o comunicador atravessou em mais de mês privado de liberdade num ambiente por si só aterrorizante.

Uma travessia ainda mais sufocante pela deterioração de sua já debilitada saúde, agravada a partir de o instante da decretação de sua prisão preventiva em razão de descumprimento de uma medida cautelar de assinatura mensal de prestação de contas de atividades. Argumento revogado pelos desembargadores que divergiram da fundamentação do encarceramento.

Desde o primeiro dia, sempre guardei uma convicção. Esse episódio não seria para o fim, mas um chamado ao recomeço.

Disse isso olho no olho de Fabiano, quando segunda-feira, ao lado de Fábio Targino, pastor evangélico, e os jornalistas João Pinto e Edmilson Pereira, da Associação Paraibana de Imprensa, fizemos-lhe uma visita autorizada pela Justiça.

Foram quarenta minutos de conversa e reflexão sobre os desígnios e planos de Deus na vida de um homem. E o que vimos foi um coração quebrantado. No meio da desolação, uma chama de esperança. Uma vontade de viver e refazer a vida.

Quando o homem busca de verdade, Deus não dá as costas. Ele é especialista em transformação, mudanças e novos caminhos.

É bem verdade que vivemos num tempo de muitos punhos erguidos e prontos para atirar a primeira pedra do castigo. Quase nenhuma mão estendida para levantar os arrependidos. Mas todos, indistintamente, merecem uma nova chance. Fabiano está tendo a dele, hoje.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Heron Cid

Heron Cid

Heron Cid é jornalista graduado pela UFPB. Filho de Marizópolis, no Sertão, atualmente é apresentador do Jornal da Correio, da TV Correio, além de apresentador do Correio Debate, da Rádio Correio Sat e manter uma coluna no Jornal Correio da Paraíba. Exerce também a editoria geral do maispb.com.br

Contato: [email protected]

Heron Cid

Heron Cid

Heron Cid é jornalista graduado pela UFPB. Filho de Marizópolis, no Sertão, atualmente é apresentador do Jornal da Correio, da TV Correio, além de apresentador do Correio Debate, da Rádio Correio Sat e manter uma coluna no Jornal Correio da Paraíba. Exerce também a editoria geral do maispb.com.br

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