Aplausos para a oposição
A Câmara Municipal de Cajazeiras tem uma longa tradição de lutas em defesa do povo. E mais do que isto, no passado as questões político-partidárias foram tão fortes que chegou a ter duas câmaras: uma nova e uma velha, em 1867.
Em 1872, no dia 18 de agosto, no dia da eleição para a escolha dos novos membros da Câmara Municipal, elementos do Partido Conservador invadiram a Vila, cercaram a Matriz – local da eleição – provocando a reação dos Liberais e depois de um tiroteio caiu ferido de balas de bacamarte o jovem e valoroso líder liberal Tenente João do Couto Cartaxo.
O povo de Cajazeiras sempre soube escolher para representá-lo pessoas de expressão social e política, a exemplo de Dr. Waldemar Pires Ferreira, Dr. Severino Cordeiro, Dr. Vicente Leite, Dr. Abdiel de Sousa Rolim, Dr. Júlio Bandeira de Melo, Francisco Matias Rolim, Cel. Peba, Vicente Barreto, Galdino Pires, Álvaro Marques, Sebastião Bandeira de Melo, Júlio Marques do Nascimento, Dr. Aprígio Sá, Juvêncio Carneiro, entre outros.
Ao longo de sua história estes ilustres representantes tiveram um comportamento partidário exemplar, até porque fizeram de suas vidas parlamentares um oficio, uma devoção, um compromisso com os partidos sob cuja legenda foram eleitos. Quem era eleito pela oposição nela permanecia, a mesma coisa com a situação. Não tinha meios termos, não se deixavam trair ou quedar-se diante das benesses do poder. Entendiam e praticavam a política como missionários do destino do povo.
A posição de muitos homens públicos de Cajazeiras, que passaram como representantes do povo, jamais traíram as suas convicções e eram cidadãos inquestionalvemente fieis às origens partidárias.
Não é possível sustentar a possibilidade da democracia sem partidos políticos, porque são eles os retratos das aspirações, dos sentimentos e das idéias de determinados segmentos de um povo. Infelizmente temos visto nos últimos tempos uma moldura de uma realidade eleitoral que nos leva ao descrédito de muitos parlamentares que exercem mandatos de vereadores. Fazer política partidária é um desafio. Não se pode fazer política do ponto de vista personalista, de negócios, da troca de favores, do empreguismo desenfreado, das barganhas e dos favores estritamente pessoais. Lamentavelmente são fatos que temos observado no dia a dia na maioria dos parlamentos mirins de nossa região.
É no parlamento que confiamos as nossas posições partidárias, as nossas aflições, as nossas esperanças e todo um processo democrático. Como devemos avaliar o comportamento de um vereador que para proveito próprio, pensando só e exclusivamente nos seus afilhados, na sua família, nos seus negócios e cabos eleitorais, uma vez na oposição, de repente mudam de lado, “se vendem” a outro grupo político? É simplesmente triste e lamentável. Num passado não tão distante vereadores da Câmara Municipal de Cajazeiras que tomaram esta posição, em eleições seguintes, foram derrotados pelo povo. O povo, sábio nas suas decisões, entendeu que o seu voto serviu para este agente político como um trampolim para negociatas.
Oposição não significa prejudicar o povo, não significa entravar o crescimento da cidade, não significa a falta de coragem de discordar, não significa radicalismos inconseqüentes, não significa dizer sempre não, mas posicionar-se em defesa de ideais partidários, da coerência e princípios que possam emergir de forma mais límpida e honrosa sua postura na tribuna parlamentar.
Com base no que escrevi acima não posso deixar de reconhecer a postura dos três vereadores da atual oposição de Cajazeiras nas pessoas de Severino Dantas, Carlos Rafael e Chagas Amaro que não se deixaram “quedar” e muitos menos se hipnotizar e se embevecer com o fascínio do poder. Fizeram oposição com coragem, com destemor, sem interesse de acenar, abraçar e cair nos braços do poder.
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