A arte de perder
Quem, dentre nós, nunca perdeu na vida? Nunca deu uma bola fora, um passo em falso, caiu no meio do salão e procurou um buraco para se esconder?
E, além, quem de nós sabe perder? Muitos afirmarão:“faz parte”, mas ficam inteiramente melancólicos ou agressivos diante da menor derrota. Desacreditam do existir, rogam pragas, se maltratam gratuitamente como se aquele fracasso assinasse um ponto final.
Certo,o 7×1 da Alemanha no Brasil, melhor nem comentar. Contudo, somos os atuais campões olímpicos, isto não conta? Talvez, não. Porque almejamos ganhar sempre. Quanto mais vitórias e likes, mais corações acesos. Ninguém reparou, estamos a nos tornar reféns do jogo fácil, da alegria ensaiada, de um conto de fadas sem bruxas e tempestades. Errar e aceitar o erro como mote para aprendizados, papo de padre e pedagogo, não cola, não, meu irmão.
Quando, na verdade, “a arte de perder não chega a ser nenhum mistério/ por mais que pareça sério”. Estes são os versos de Elizabeth Bishop, reflexão para tantas pessoas que preferem manter o título de infelizes a aprendizes. Infelizes na postura de invencibilidade. Infelizes como murmuradoras inertes. Infeliz por não chorarem suas pitangas o tempo necessário para plantá-las.
Saber perder congrega se assumir aprendiz, reconhecer as ruínas, jogar fora seus entulhos, pintar paredes. Fazer de cada falha um lugar. Um lugar de recomeços. Recomeçar, mesmo diante do desembaraço. A parodiar o Poeta: fracassar é inevitável, ser infeliz é opcional.
Abraão Vitoriano
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