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Fernando Caldeira

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As chances de João Azevedo

02/03/2018 às 08h39

Pré-candidato a Governo da Paraíba

Um erro comum que, pelo visto, continua a se repetir quando o assunto é a projeção de cenários eleitorais na Paraíba, é achar que o quadro que hoje mostra uma vantagem confortável dos candidatos da oposição se manterá quando chegar a hora de o eleitor finalmente digitar seu voto na urna.

Um erro que José Maranhão cometeu em 2010 e que Cássio voltou a repetir quatro anos depois. Maranhão, porque achou que bastava a máquina política do PMDB e o peso da administração estadual para alcançar a vitória. Cássio, porque se deixou levar pelas próprias ambições, certamente incensadas por avaliações de aliados dentro e fora da imprensa que mostravam a vantagem numérica antes da campanha começar, mas que escondiam o principal: nem a liderança de Cássio era do tamanho que ele imaginava que fosse, nem o tamanho exato que Ricardo Coutinho já tinha e mostrou durante a campanha.

Esse erro, ao que parece, nem Luciano Cartaxo nem Romero Rodrigues desejam repetir, e esse é o motivo pelo qual os dois evitaram até agora anunciar definitivamente suas candidaturas ao governo. Há dúvidas de que o cavalo que passa esteja mesmo selado.

E Cartaxo e Romero têm toda razão de vacilarem antes de anunciarem a decisão dos dois de renunciar às duas mais cobiçadas prefeituras da Paraíba. Quatro meses, que é o tempo que separa a renúncia ao mandato de prefeito e as convenções partidárias, é uma eternidade em política e muita coisa pode acontecer nesse ínterim, de fatos novos a traições.

Mas, certamente, a maior dúvida é essa: o governo e o governador Ricardo Coutinho terão forças para alavancar a candidatura de João Azevedo e levá-la à vitória? Em geral, a resposta dos muitos torcedores para essa dúvida acaba desaguando num silogismo: Ricardo Coutinho não transfere votos porque, nem em 2012 nem em 2016, conseguiu eleger o prefeito de João Pessoa (premissa 1); João Azevedo dependerá, em 2018, da transferência de voto de Ricardo Coutinho (premissa 2); logo, João Azevedo não tem chances.
A situação é bem mais complexa do que aparenta ser. Tanto em 2012 quanto em 2016, o eleitor pessoense votou pela continuidade ou não das administrações. Em 2012, pela continuidade da administração de Luciano Agra, que herdara a prefeitura de Ricardo Coutinho, e cujo candidato acabou sendo Luciano Cartaxo.

Se alguém se der ao trabalho de, num esforço retrospectivo, excluir o apoio pessoal de Luciano Agra e de sua bem avaliada administração, bem como do peso da máquina municipal, à candidatura de Cartaxo, em 2012, poderá afirmar que o atual prefeito de João Pessoa teria sido eleito? Tenho cá sérias dúvidas, mas tenho muita propensão a achar que não.

Lembra de um trecho do jingle da campanha (“Porque Luciano vota em Luciano, com dois Lucianos só vai melhorar)? Em 2012, Luciano Agra é que foi na verdade o centro da campanha de Cartaxo, e não o candidato petista, que antes de haver o racha Agra -RC ostentava números inexpressivos nas pesquisas. Agra não “transferiu” votos para Luciano Cartaxo. Transferiu o prestígio e de uma boa administração e o aval político de alguém que era considerado um bom administrador. E isso convenceu o eleitor.

Em 2016, a mesma coisa, com a diferença de que Cartaxo tinha então uma administração para chamar de sua, aliado a uma conjuntura francamente favorável a ajuntamentos mais conservadores, como foi o que o então candidato à reeleição construiu ao romper com o PT para cair nos braços do PSDB, numa campanha que a esquerda se viu muito acuada, e certamente isso teve um peso decisivo no desempenho da candidata do PSB, Cida Ramos.

Portanto, se o exemplo das eleições de 2012 e 2016 tem alguma relevância para projetar 2018 é para mostrar a força do discurso de continuidade de administrações bem avaliadas. E esse será, sem dúvida, o principal discurso que embalará a campanha do PSB ? já que o governo atual ostenta números positivos de fazer inveja a qualquer mandatário em fim de segundo mandato, ? associado a uma poderosa máquina política cujo motor começa a se azeitar para impulsionar a candidatura de João Azevedo.

Por: Flávio Lúcio Vieira

Fernando Caldeira

Fernando Caldeira

Jornalista profissional em diversas emissoras de rádio e jornais da Paraíba, atualmente é articulista do Gazeta do Alto Piranhas (Cajazeiras), produtor e apresentador do programa Trem das Onze, apresentado aos domingos pela Rádio Alto Piranhas, colunista dos portais diariodosertão, politicapb, obeabadosertao, canalnoite, e mantém na internet o portal www.fernandocaldeira.com.br

Contato: [email protected]

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