As novas seitas. Religiosas ou não que estão a se disseminar

Por: Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira – Meus pacientes amigos que insistem em ler o que escrevo. Estamos a experimentar uma situação, que apesar de não ser nova, tem sido cada vez mais constante e está, na minha humilde opinião, que nem tenho certeza de ser absolutamente correta, que nossa sociedade está se aperfeiçoando. Que é o crescimento de uma nova forma de se captar pessoas comuns para serem retiradas de seus lugares confortáveis de suas poucas ideias apartidárias para abraçar seus novos credos que lhe são passados de uma forma simples e sem que essas pessoas tenham o trabalho de estudar e analisar todos o ângulos de uma situação muito complexa: se repete um pensamento simples e uma solução mágica, que é apresentada por um personagem messiânico a quem se deva ceder sem qualquer tipo de crítica ou reserva. Pouco ou nada importa o que vai ser implementado, mas “quem vai implementar”; se vai funcionar, esse tema é absolutamente irrelevante.
Esse conjunto de ideias vem das formulações supremacistas de alguns filósofos do século XIX, que em alguns casos chegavam a considerar os cidadãos afrodescendentes como uma espécie sub-humana. E depois que os de descendêndencia semita, deveriam ser eliminados fisicamente para não contaminar negativamente os brancos “arianos”, raça superior, para que a sociedade progredisse de uma maneira adequada. O que foi a raiz de uma das maiores tragédias do Século passado, que conforme o desenvolvimento da ciência, foi comprovado um absurdo completo: Um cidadão do Japão pode ter mais semelhança genética com um habitante da África do que com outros japoneses. A humanidade é uma só, formada há 300.000 anos.
Então como sempre, o poder fica com quem controla a informação. No Ocidente na Idade m´deia, era monopolizada pela Igreja, depois da popularização da imprensa, esse poder migrou para quem controla os meios de imprensa. Antes era a impressa, os jornais: existe a famosa frese de Assis Chateaubriand: “quer ter opinião? Então compre um jornal”. Mais tarde vieram as informações por rádio e depois por televisão. E temos os tempos em que o que a Globo determinava o que era verdade ou a mentira, a informação de quem não interessava a ela, ou era criticado, ou ignorado, e tivemos como maior fruto isso, os longos 21 anos do período dos militares no poder, aqui no Brasil; depois do alardeado “Milagre Brasileiro”, no final lastreado em empréstimos internacionais que criou uma longa recessão com uma inflação que fez o país muito sofrer por décadas.
Mais recentemente veio a internet, e a comunicação em massa, naturalmente esse processo controlado pelas chamadas “big techs”, que impulsiona as informações que convém aos interesses de quem controla essas, com também quem pode ser seu público-alvo: nos tempos do Nazismo, havia um Hitler diferente para cada um dos alemães que interessava a eles. Nos tempos muito mais recentes, aconteceu uma coisa quase inimaginável: a saída da Grã- Bretanha da zona do Euro: houve esse plebiscito, mas depois se constatou que os eleitores foram influenciados pelas redes sociais, fazendo que determinados eleitores que antes não compareciam às eleições, fossem votar a favor do chamado “Britexit”, em que co essa saída, a própria Grã-Bretanha ainha hoje tem seu desenvolvimento comprometido por causa dessa medida que foi influenciada por essas plataformas.
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Aqui no Brasil, Temos algo de semelhante a pior. A Extrema Direita partiu na frente e com uma quantidade extraordinária de notícias falsas, que a esquerda não estava preparada, nem aparelhada para enfrentar, Colocou um presidente do mais baixo clero, sem a menor capacidade para governar o Brasil, teve que enfrentar com uma retórica e ações negativistas a maior pandemia dos últimos 100 anos, provocou a maior mortandade em massa em termos proporcionais do mundo insultando as famílias enlutadas com aparições vergonhosas, fez a economia cair para a 14ª economia mundial, enquanto já fomos a sexta (somos a oitava), fez com promessas que não se realizaram, a privatização da Eletrbrás por um preço absurdamente baixo, e ao invés de fazer os investimentos prometidos, pagou 45 dias da nossa dívida. 50 anos de trabalho de nossa população, se evaporou em pouco mais de um mês. E nossa imprensa pouco ou nada divulgou.
Mais tarde para se reeleger, gastou uma quantia enorme do erário, para, literalmente “comprar” votos. E quase conseguiu vencer uma enorme coalizão que se formou contra ele. Por 2% dos votos.
Depois, não reconheceu o resultado das eleições e mais tarde tentou um golpe de estado.
Agora, existe uma parte considerável de nossa população, que ainda considera esse cidadão um candidato viável, mesmo quando mostramos as fotos que constatam suas manifestações esvaziadas, essas seguidoras se recusam a ver a realidade, e somente veem o que seus sites de direita exibem, mesmo que sejam manifestações ocorrida há dois anos.
Outro grupo, esse até mais perigoso, vai a igreja (católica ou evangélica) e vai na orientação dos homens que utilizam os púlpitos como palanques eleitorais, contra o ordenamento constituição de que somos um estado laico.
Mas aos poucos, esse tipo de seita vai se aprimorando. E hoje, com os novos desafios que o pais vai ter que enfrentar, teremos muitos problemas, e muitos.
Já me alonguei demais. Fico.
Cajazeiras, 30 de abril de 2025.
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