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Maria do Carmo

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Avanços e implicações das escolas do Brasil

24/02/2023 às 21h36

Imagem ilustrativa - Foto: Vivian Honorato/Ascom/Prefeitura de Londrina

Por Maria do Carmo – A instituição escolar no Brasil tem evoluído muito, mas ainda enfrenta dificuldades na realização do seu principal objetivo: o processo do ensino e aprendizagem. Esta realidade requer uma reflexão a começar pela história da educação no país. O que se vivencia hoje nas escolas de “bom e desagradável” tem raízes nas concepções passadas, no entanto a escola é continua sendo o essencial aparelho no qual acontecem as mudanças de mentalidades.

A educação no Brasil, começou vinculada ao sistema de educação jesuítica e evidentemente era aplicado na sala de aula os métodos da rigidez inibindo a criatividade e iniciativa individual. Após a expulsão dos jesuítas se pensou em educação voltada para servir aos interesses do Estado, nesta realidade, surge a necessidade de se contratar professores para ensinar, na verdade eram professores sem qualificação, leigos, oriundos da formação jesuítica com pouca noção metodológicas para o ensino. Os professores eram mal pagos, uma vez que o estado não disponibilizava de verbas direcionadas a este novo modelo de fazer educação nem existiam políticas públicas para essa finalidade.

A partir da década de 1920, o Brasil passa por transformações sociais, econômicas, políticas, educacionais e culturais, com as influências americanas e alemãs através dos ideais de Herbert e Dawei aqui divulgados por Anísio Teixeira considerado o precursor da Escola Nova, a qual   influenciou positivamente no ensino público. As reformas educacionais contribuíram no campo educacional considerando os aspectos da psicomotricidade, criatividade e outros conceitos da Psicologia começaram a ser disseminados. Com a nova forma de fazer educação surgem os métodos de ensino baseado no lúdico, nos jogos, nos trabalhos manuais, a liberdade e respeito à iniciativa dos alunos, por conseguinte, surgiram os exageros na autenticidade e pessoalidade dos mesmos entrando em declínio a autonomia do professor e as normas disciplinares.

No final da década de 50, começou a aparecer uma nova proposta educacional, a Pedagogia Tecnicista; “o homem é considerado um produto do meio, a consciência do mesmo é formada cientificamente através da educação e esta, por sua vez se aperfeiçoava nos padrões das exigências da ordem social vigente” o (Capitalismo).  Na Educação tecnicista o fator importante é o sistema técnico de organização da aula e do curso, o professor e o aluno têm posição secundária; nesta realidade as linhas metodológicas de desenvolvimento da criatividade e reflexão desaparecem, formando o educando apenas para o desenvolvimento das competências e habilidades no suprimento das necessidades do mercado de trabalho.

O processo de humanização foi um grande passo na educação, a supervalorização da relação professor/aluno é um fator positivo com a presença do diálogo nas escolas, porém se tornou   uma faca de dois gumes, com a distorção na interpretação abrindo caminhos para o desrespeito e até agressões físicas a professores. A sala de aula, é o espaço de atuação do educador, ele precisa ser respeitado, determinando as regras de funcionamento e sua autonomia não pode ser confundida nem prejudicada. Neste contexto, a escola passou a ser uma fotografia dos reflexos do empobrecimento das famílias, do desmoronamento dos valores tradicionais, dos aspectos cognitivos e heterogeneidade da clientela com alunos vindos de famílias complexas, confundindo os limites e incompreensão em relação à afetividade dos professores, culminando com o desinteresse no cumprimento das tarefas educativas.

Estes determinantes prejudicam o trabalho do professor, que apesar da sua competência na observação no comportamento dos seus alunos, muita das vezes não têm como resolver situações de indisciplina. É importante também o plano de aula com variações das estratégias pedagógicas, multiplicação das fontes de conhecimento e informação, o carinho, a abertura para discutir a falta de motivação, agressividade e indiferença dos alunos para aprender. Mesmo com estes, meios frente a esta problemática, o educador passa a ser vítima das grosserias dos educandos sendo necessário o apoio de uma equipe interdisciplinar: profissionais (assistentes sócias, psicólogos e pedagogos a fim de sanar a diversidade existente no alunado

Não obstante que, as inovações no atual sistema do ensino das escolas brasileiras vem contribuindo de forma enriquecedora, cujo trabalho realizado em sala de aula silenciosamente, sem divulgações, é construído os alicerces das futuras gerações. Competência para ensinar os elementos básicos como: atitudes de controle na sala de aula, compreensão e atenção ao perceber o interesse do aluno, o incentivo aos educandos a “querer estudar” propondo aos mesmos os desafios tornando-os hábeis para pensar e acreditar na capacidade de agir em sociedade são percalços enfrentados, porém superados pelo educador.

 A velocidade do conhecimento no mundo atual contribuiu de forma positiva para o educador aprender mais, através da formação continuada, pelo universo de leituras (on-line ou impressa), o educador brasileiro é um profissional que estuda, realizando cursos de pós-graduação sendo os principais mentores dos avanços na educação. É uma profissão que ainda não galgou status privilegiado porque é julgada de pouco poder aquisitivo, sofrem cobranças das famílias quando seria atribuições das mesmas e são vítimas de concepções políticas ultrapassadas do descompromisso da classe detentora do poder e da própria sociedade. A desvalorização da categoria formada por educadores no Brasil, consiste também na abertura para a inserção de profissionais com outras formações atuarem no exercício do magistério.

A escola é o espaço onde se encontra a célula do processo educativo: os educadores, “mediadores e facilitadores” do conhecimento proporcionando o crescimento intelectual e o preparo dos os seus educandos para atuação na vida. É um lugar com grandes complexidades sendo o educador o principal eixo impulsionador das ações educacionais; mesmo sendo uma tarefa difícil ensinar nos dias de hoje. É, portanto, uma ação transformadora e de humanidade, é algo estimulante e animador ao educador e a educadora no desempenho do trabalho cujo resultado está intrínseco no processo ensino e aprendizagem. O verdadeiro sentido na ação de ensinar estar presente neste pensamento de Paulo Freire, “me movo como educador porque primeiro me movo como gente”.

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 23 de Fevereiro de 2023


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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