Centenário de um homem honesto
Por Francisco Cartaxo
É hábito elogiável cultivar a memória de entes queridos, guardar cenas da vida social, familiar, profissional e traços marcantes da personalidade. Foi isso que fizeram os descendentes de João Augusto Braga, com a publicação de bem cuidado álbum de fotografias, enxertado de textos cheios de emoção e saudade. Testemunho dos 10 filhos vivos de uma prole de catorze, iniciada com Maria Elita Braga Cartaxo, que João Braga construiu com Ana Helenita de Sousa Mangueira Braga (Nininha), ao longo de duradouro casamento, somente desfeito pela morte dele em 19 de abril de 1.976, aos 67 anos de idade.
João Braga nasceu no sítio Escondido, município de Sousa, em 24 de junho de 1.909. Mudou-se para Boqueirão de Piranhas, fugindo da seca de 1932 e atraído pelas obras de construção da barragem, quando José Américo era ministro da Viação e Obras Públicas, no governo de Getúlio Vargas, e começava a ganhar a áurea de “salvador do Nordeste”, ao implementar a chamada “solução hidráulica” para os problemas do semi-árido brasileiro.
Pouco tempo após chegar a Boqueirão, João Braga casou com a jovem de 18 anos, filha de Francisco Mangueira de Sousa e Inácia de Sousa Rolim, da linhagem dos fundadores de Cajazeiras. Do distrito de Engenheiro Ávidos para a cidade de Cajazeiras foi um pulo, onde continuou a prosperar no comércio, de início, com uma mercearia, e depois com casa de autopeças e revenda de combustível, em sociedade com seu irmão Moisés Braga, na Rua Juvêncio Carneiro. Mais tarde, o posto mudou-se para o local onde ainda hoje se encontra (em frente à Rodoviária Antônio Ferreira), remodelado pelo dinamismo de Osvaldo Martins, seu proprietário.
Os dez filhos do casal (Elita, Emilta, Ezilta, Emilson, Elzenita, Ezilma, Socorro, Eneide, João Eudes, Evandro) fixaram no livro-álbum recordações do pai. E o fizeram derramando-se em emoções. Não poderia ser de outra forma, pois o traço mais forte da personalidade de João Braga era a dedicação à família, fazendo do estudo dos filhos a razão de ser de sua vida. Pai amoroso, compensou suas poucas letras investindo na educação deles, legado insubstituível. E conseguiu, embora se, ter compartilhado da alegria da formatura de todos. Os dois mais novos, o médico João Eudes e o engenheiro Evandro Braga, concluíram a graduação após a morte do pai em 1976.
Nos depoimentos filiais, entre as muitas qualidades de João Braga, destaca-se a honestidade. De fato, nunca surgiu o menor rumor a respeito da conduta ética de “seu” João Braga. Ao contrário, a imagem dele sempre foi a de um cidadão correto. Tranqüilo, calmo, caseiro, ainda que gostasse de festas, de participar dos clubes sociais e de serviço. E até de política, a seu modo, ajudando o irmão Donato Braga a eleger-se vereador. E tentar ser vice-prefeito, pela UDN, em 1963, numa época em que o vice era votado separadamente do candidato a prefeito.
João Braga lutou a vida inteira. Não morreu nem pobre nem rico. Honrado, sem dúvida. Honesto e respeitado. Ao contrário de certos políticos que, em curto espaço de tempo, esquecem a corda e a cachorrinha e passam a exibir sinais exteriores de riqueza. Sem a menor cerimônia.
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