Chame o ladrão, chame o ladrão
Quando dizem que a política é dinâmica e, ingenuamente, muita gente concorda, é porque a astúcia e o maquiavelismo tomaram conta da arte política e a transformaram em politicagem. Chegar ao poder passou a ser o maior objetivo dos políticos, mesmo que para isso tenham que praticar o submundo da politicagem.
O Congresso Nacional parece um ninho de ratazanas e sanguessugas com o interesse apenas de sugar e roubar o que puder da nação. As poucas exceções ainda procuram praticar uma política de princípios, conduzindo uma pauta de discussão dos problemas nacionais e ofertando alternativas para solução de tantos males que nos afligem.
Nos Estados e Municípios a raiz da corrupção e da roubalheira está entranhada nas Câmaras de Vereadores e Prefeituras com seus representantes fisiológicos e venais, que pouco sabem sobre legislar e menos ainda de ética e moral. E vão se construindo aberrações e falsas lideranças que, ao primeiro sinal do Ministério Público e da Polícia Federal, tornam-se fichas sujas e condenados pelos crimes de toda natureza.
Em Cajazeiras, a política está corrompida pelas negociatas e conduzem a ordem do dia numa festa de incoerência, traições e toma lá dá cá que visam apenas o benefício de uns poucos. Partidos se misturam numa orgia de conchavos e acordos em troca de cargos num poder podre e corrupto.
Os que defendem a ética em Brasília aqui se misturam na lama da luta por cargos fictícios e alianças de ocasião, traindo estatutos e ferindo a ideologia que muitos conseguiram defender e pautar uma conduta política por muitos anos. O PT/PMDB de Dilma/Temer, antes geminados num governo que praticou um estelionato eleitoral dos mais absurdos, apodreceram juntos, numa ruptura que beneficiou a direita mais corrosiva e maléfica de que se tem conhecimento. Os ressentidos da hora organizaram uma agenda para reforçar a vitimização do governo afastado e uma diabolização do governo golpista. E são, sim, vítima e golpista, que alternaram carícias e insultos numa promiscuidade ideológica que paralisou o país e tornou o covil de deputados corruptos numa desordem moral sem precedentes.
Os partidos golpistas de maior expressão nacional comandados pelo PMDB de Cunha/ Temer/ Calheiros, associados ao PSDB de Cássio Cunha Lima/ Aécio/ Serra e ao PP de Agnaldo Ribeiro/ Paulo Maluf/ Esperidião Amin declararam guerra à presidente Dilma, ao PT e a qualquer força de esquerda que defendesse o direito e a legitimidade de um governo repleto de equívocos e erros, mas eleito pelo povo.
Aí, ao leitor que raciocina pelo discurso de que é preciso combater o Golpe na democracia, será que vai entender a negociação do PT de Cajazeiras para se aliar ao PP, ao PMDB e ao PSDB, partidos golpistas? Será que a traição aos ideias ou a ganância por cargos de uma possível vitória de José Aldemir fizeram esse partido (PT) trair o povo, mentir para a população e escancarar a sua derrota e o seu consequente e melancólico final? Os adeptos desta aliança antipovo terão coragem de levantar a bandeira da ética? Com que moral esse partido (PT) vai pedir votos para essa eleição?
Chico Buarque, grande compositor de grandes canções deve ter adorado compor “Acorda amor”, em que dado momento é preferível chamar o ladrão.
“Acorda amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão da escada
fazendo confusão, que aflição
São os homens, e eu aqui parado de pijama
eu não gosto de passar vexame
chame, chame, chame, chame o ladrão.” Chico Buarque
Carlos Gildemar Pontes
Escritor, Professor da UFCG e Presidente do PSOL de Cajazeiras
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