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Maria do Carmo

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Choros inocentes

21/11/2023 às 20h05 • atualizado em 24/11/2023 às 00h21

Coluna de Maria do Carmo - Foto: ilustrativa/Tom_Fewster/istock

Por Maria do Carmo – Ouvir uma criança chorar pode ser algo comum, na compreensão dos adultos ela expressa alguma coisa que está sentindo; uma necessidade ou ansiedade, talvez um choro passageiro avisando que há um ser tão pequenino símbolo de felicidade e leveza. Não se imaginava que escutar o choro de uma criança poderia significar algum tipo de violência sofrida pela mesma, nesta triste realidade tantos choros infantis, que antes significavam o nascimento de uma a vida, podem também uma alerta para a existência de crianças torturadas e mortas cujos choros são sufocados e silenciados.

O nascimento de um inocente marca o início da vida humana, o pequeno “ser infantil, ”   sinaliza o surgimento de uma vida através do seu “choro”, primeira forma de comunicação com o mundo exterior, momento divinal, alguém se despedindo do colo uterino pela separação do cordão umbilical avisando que está chegando. O dicionário define a palavra “inocência” como uma qualidade incapaz de praticar o mal, estado daquele que não é culpado de uma determinada falta ou crime. A “criança” é um ser inofensivo cheio de pureza, simplicidade e ingenuidade, ao passo que a palavra “choro” é uma lamentação e autêntica explosão de emoções que permeia a nossa vida do nascimento à morte.

Um ser angelical chora, é um recém-nascido, convite sinfônico de festa cujo clima de candura se espalha no ar, é um novo universo fora das entranhas uterinas, onde a calmaria, a escuridão o agasalhava desde a fase embrionária ao momento do nascimento.  Ao o abrir os olhos, a claridade o incomoda, o bebê sente frio, o toque das mãos de quem o agasalha e os primeiros contatos com a sua mãe afinal, ainda é um mundo desconhecido. São os desafios da vida começando manifestados pelo choro da pureza é a trajetória da vida do pequeno ser que se dispõe apenas do choro para expressar suas necessidades: bebês se acalentam com os carinhos da sua mãe, ao realizar uma mamada, mamadeiras são preparadas cuja fonte de alimento tranquiliza quem chora, quem está com fome.

Ingenuamente o choro da criança pode ser uma insatisfação, incômodo ou desejos; quando querem dormir, qualquer afago a conforta, as canções de ninar cujos sons ajudam no adormecer de um ser puro e inofensivo. Não entende porque sofrem dores e nem tem culpa de senti-las, se chora forte, alto e fica irritado, pode ser uma dor ou algo que lhe angustia emocionalmente; o “pinguinho de gente” está precisando de mais cuidados. O inexplicável se escuta quando após um bom sono de candura repousante, o neném desperta os adultos com sua campainha natural do choro; é sinal de que ele se acordou; será que estar bem? Ele parou de chorar, na sua ingenuidade quis só dizer: “estou acordado”.

Se o cérebro infantil cuja cognição está ainda em formação, os estresses são manifestados pelo o choro contínuo da criança tornando um som fragilizado por não ser aliviado; talvez um carinho, uma mudança de ambiente a tranquilizaria e a mesma adormeceria na calmaria. Outros bebês têm seu choro incompreendido por quem os criam e nos arroubos das irritações respondem com grosserias e até bofetadas. Os bebês não entendem o porquê de estar sofrendo tamanha estupidez e malvadeza, seu choro continua até chegar o cansaço, ele dorme, porém, o seu sono não é de tranquilidade, de relaxamento, o que ele sofreu antes de dormir ficaram na sua mente inocente. O choro se repete ao se acordar, são reflexos negativos que podem causar as doenças físicas ou o emocional perturbado.

Em alguns recantos do mundo quantos crianças sem alimentação, sem abrigo, sem higiene choram; suas lágrimas escorrem limpando a sujeira de um rosto sofrido onde a palidez, torna-se mais visível. São vítimas do descaso do poder público, péssimas condições financeiras das famílias ou até mesmo ausência de instruções e orientações, é muito acentuado o descompromisso e falta de responsabilidade dos pais e o mais agravante aqueles viciados cuja renda familiar é desviada para a compra de drogas lícitas ou ilícitas. Nos países em guerra, seres inocentes são brutalmente torturados em consequência dos interesses injustos de terroristas impiedosos. Crianças que choram ao sentir as dores no corpo coberto de hematomas, consequências dos bombardeios, mísseis ou outras armas assassinam as mesmas impiedosamente.

Tantos choros de um ser inofensivo são emudecidos no berço, o sono interrompido pela crueldade contra a uma pequena vida indefesa e incapaz de praticar o mal. Pobre criaturinha! No começo de uma vida, esperando a doçura e afagos tem sua vida brutalmente ceifada, cujo choro expressam a dor causadas pelas pancadas e facadas no seu corpo onde a maciez da pele de criança se encontra arroxeada, profundas aberturas provocadas por objetos cortantes. Já não se ouve mais o choro de um ser que não foi culpado de uma determinada falta; já não há mais perfumes de bebê, mas o cheiro de sangue: em um cadáver de criança vitimada por mãos perversas que perderam o sentido do amor.

No mais alto grau de violência sem o menor senso de humanidade choros de crianças são interrompidos pelos seus assassinos, às vezes seus próprios genitores (pai ou mãe) e estranhos; com certeza, não ouvirão mais as ondas sonoras de choros de suas vítimas no mundo físico, no entanto gritos de dor dos inocentes podem perpetuarem na consciência dos seus algozes. E assim conclui-se um relato sobre o prenúncio da existência humana: é mais um recém-nascido que chora  clamando inconscientemente, o desejo de morar num lar de amor.

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 20 de Novembro de 2023


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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