Colosso das Capoeiras
Quando Wilson Braga foi eleito governador da Paraíba, antes de ser proclamada sua vitória, a primeira cidade que visitou foi Cajazeiras. Desceu do avião, no aeroporto Antonio Tomás, nos braços do povo e foi realizada uma grande carreata pelas ruas da cidade.
Concluída sua trajetória pelas ruas, dirigiu-se para a residência de um velho amigo e eleitor: Francisco Arcanjo de Albuquerque e sentado na sala, numa rede de varanda, cercado de outros amigos perguntou: “o que é Cajazeiras quer que eu faça?”. Dentre várias idéias prevaleceu a da construção de um estádio de futebol.
Wilson cumpriu o prometido: construiu o terceiro maior estádio de futebol da Paraíba. Uma obra, se não fora a “loucura” deste governador, jamais outro governante a faria em Cajazeiras, custou aos cofres do estado mais do que o dobro orçado. O local escolhido enganou a todos: existia uma grande pedreira escondida debaixo de uma pequena cobertura de terra. O trabalho foi triplicado e o valor da obra também. Foi necessário fazer diversas emendas ao orçamento, mas mesmo assim Wilson não “abriu de mão de cumprir sua promessa.”
Concluída a obra, ficou sendo conhecida como “Wilsão” e no alto de sua enorme marquise, em concreto armado, foi escrito o nome de seu construtor, era uma forma do reconhecimento e do mais afetuoso agradecimento ao cidadão, que até hoje, se constituiu no maior benfeitor desta cidade, tanto como deputado federal, como governador mais obras e benefícios carreou para Cajazeiras.
Concluído o seu mandato e derrotado o candidato que apoiou para sucede-lo, logo após a posse do vitorioso, Tarcizio de Miranda Burity, um dos primeiros gestos de tentativa de apagar da memória do povo o nome do construtor do estádio foi a derrubada do nome Wilsão do alto da marquise. Um triste ato que presenciei, um crime contra a memória histórica do estádio e da própria cidade.
Edme Tavares era nesta época deputado estadual e deu entrada num Projeto de Lei, na Assembléia Legislativa da Paraíba, para que o estádio fosse denominado de Pérpetuo Correia Lima. Talvez, se Edme estivesse no lugar de Wilson Braga não teria gostado se um deputado tivesse agido como ele com relação ao batismo desta obra em Cajazeiras.
Não tenho absolutamente nada contra o nome Perpetão, mas sempre quando me refiro ao estádio de futebol de Cajazeiras, inconscientemente sempre o chamo Wilsão. Ernani Sátiro, enquanto governador, construiu dois estádios de futebol na Paraíba, um foi batisado com sua marca “O Amigão”. Nada mais justo. Até hoje não conseguiu entender essa crueldade que se praticou contra Wilson Leite Braga, em Cajazeiras. Quem sabe um dia a história lhe fará justiça.
Estas observações que fiz acima são para chamar a atenção dos amantes do futebol: com o rebaixamento do Atlético para a segundona, resta-nos a esperança do Paraíba Sport Clube, que está concorrendo a uma vaga para a primeira divisão, possa voltar a representar com galhardia a nossa cidade no principal evento futebolístico da Paraíba.
Agora, um fato que me faz ficar arrepiado é se não conseguirmos alçar o Paraíba para a primeira divisão: o Colosso das Capoeiras, como os narradores esportivos gostam de chama-lo durante suas transmissões , vai se transformar num grande “elefante branco”. Já imaginou uma obra que custou uma fortuna e sua manutenção também é muita cara aos cofres do estado ficar sem sua função, obsoleto, parado, silencioso, sem os foguetões, sem as batucadas, sem as narrações de Arnaldo Lima, sem o grito da galera, sem as luzes de suas grandiosas torres acesas que formam um belo espetáculo noturno na imensa escuridão das capoeiras, sem as brigas entre os times de Sousa e Cajazeiras e sem a torcida gritar ladrão, ladrão com o juiz.da partida por não ter dado um pênalti a favor do nosso time.
É de doer no coração ver o colosso das capoeiras se transformar num bloco de concreto, sem alma, sem som, sem borburinho, sem vaia, sem nada, sem nada… sem anda…vai fazer falta o grito de gol saído da garganta de aço de Arnaldo Lima, que pena. Resta-nos a esperança do Paraíba.
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