Conhece-te a ti mesmo
Por Damião Fernandes
Tales de Mileto, filósofo grego, o mais antigo dos Sete Sábios da Grécia (640 a 550 d.C.), durante parte de sua vida foi um bom comerciante. Após enriquecer, retirou-se dos negócios e pôde dedicar-se aos estudos, adquirindo muitos conhecimentos através de viagens.
Aprendeu Geometria com sacerdotes egípcios, previu o primeiro eclipse solar no ano de 500 a.C. e determinou a duração do ano. Ainda em vida, foi considerado o pai da Astronomia, da Geometria e da Aritmética. Em certa ocasião, foi inquirido sobre 9 questões. Ei-las, seguidas da respostas de Tales:
1. QUAL A COISA MAIS VELHA DE TODAS AS COISAS?
Deus, porque Ele sempre existiu.
2. QUAL A MAIS BELA DE TODAS AS COISAS?
O Universo, porque é trabalho de Deus.
3. QUAL A MAIOR DE TODAS COISAS?
O Espaço, porque ele contém o que foi criado.
4. QUAL A MAIS CONSTANTE DE TODAS AS COISAS?
A Esperança, porque ela permanece nos homens mesmo depois de terem perdido tudo.
5. QUAL É A MELHOR DE TODAS AS COISAS?
A Liberdade, porque sem ela não há nada de bom.
6. QUAL É A MAIS RÁPIDA DE TODAS AS COISAS?
O Pensamento, porque em um segundo pode voar para o extremo do Universo.
7. QUAL É A MAIS FORTE DE TODAS AS COISAS?
A Necessidade, porque ela faz os homens enfrentarem os perigos da vida.
8. QUAL É A MAIS FÁCIL DE TODAS AS COISAS?
Dar conselhos.
9. QUAL A MAIS DIFÍCIL DE TODAS AS COISAS?
Conhecer a si mesmo.
O conhecimento de si mesmo que o filósofo Sócrates pregava, era que nós devemos nos ocupar menos com as coisas (riqueza, fama, poder, trabalho) e passarmos a nos ocupar com nós mesmos. Poderia objetar-se: com que propósito deveria ocupar-me comigo mesmo? Porque é o caminho que me permite ter acesso à verdade. Mas que tipo de verdade? Obviamente não é uma verdade qualquer tal como a fórmula química da água, mas a verdade que é capaz de transformá-lo no seu próprio ser de sujeito.
É esse ato de conhecimento, capaz de promover nossa autotranscendência, de que fala o filósofo. Conhecer a mim mesmo para saber como modificar minha relação para comigo, com os outros e com o mundo e com Deus.
Tal modificação para ter acesso à verdade, contudo, não é um ato puramente intelectual. Ela exige, por vezes, determinadas renúncias e purificações.
Sócrates dizia ter recebido de Deus a missão de exortar os atenienses, fossem eles velhos ou jovens, a deixarem de cuidar das coisas, passando a cuidar de si mesmos. Tal atitude o fez dedicar-se inteiramente à filosofia e à prática dialógica (uma forma especial de diálogo, denominada maiêutica) por meio da qual ele fazia com que seu interlocutor percebesse as inconsistências de seu discurso e se autocorrigisse.
A questão central do cuidado de si é que jamais se tem acesso à verdade sem uma experiência de purificação, de meditação, de exame de consciência – enfim, através de determinados exercícios espirituais capazes de transfigurar nosso próprio ser.
Dito de outro modo, o estado de iluminação, de descoberta da verdade, não é produto do estudo, mas de uma prática acompanhada de reflexão constante sobre minhas ações, atitudes – e de como posso modificá-las para me tornar uma pessoa melhor. É como se a vida fosse uma obra de arte em que nós vamos nos moldando, nos aperfeiçoando no decorrer da existência.
Para saber mais
ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia. Vol. I, 5ªed. Lisboa: Editorial Presença, 1991, p. 84.
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