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Francisco Cartaxo

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Da mãe do PAC a Andrade

10/09/2018 às 08h39

Ano de 2010. No auge do prestígio e da popularidade, Lula fez de sua ministra Dilma Rousseff presidente da República. Para isso, levou dois anos preparando a candidata. Fez dela a mãe do PAC. O leitor está lembrado? O Programa de Aceleração do Crescimento é um conjunto de ações destinadas a garantir, no tempo certo, a execução de obras selecionadas para impulsionar o crescimento econômico e social, criar emprego e renda Brasil afora. No PAC estão projetos como a da transposição das águas do rio São Francisco, a Ferrovia Transnordestina, as redes de metrôs nas regiões metropolitanas, duplicação de rodovias e dezenas de outros investimentos essenciais ao desenvolvimento do País.

Ao exibir três grandes eixos – infraestrutura logística, infraestrutura energética e o eixo social e urbano – o PAC foi a grande sacada daquela década. Sacada de marketing. Se não produziu os resultados anunciados, tornou-se sucesso de propaganda, pondo a gerente Dilma em evidência. Dilma cobrava, de público, ministros e gestores relapsos, que atrasavam o calendário de obras sob seu encargo. Por coisas assim elegemos Dilma, mulher forte, determinada. Mas, vale a pena recordar, Lula levou dois anos na adubação do terreno para transformar uma gerente em estadista

Em 2014, porém, o quadro mudou.

A reeleição de Dilma foi um Deus nos acuda e só ocorreu, talvez, graças aos mistérios do destino que desviou, tragicamente, a rota do candidato Eduardo Campos. Em 2014, o cenário eleitoral era adverso ao PT. O mensalão já abalara a autoproclamada ética petista, Zé Dirceu, Genuíno, João Paulo e Delúbio Soares, o tesoureiro, estavam presos, depois de processados, com o julgamento transmitido ao vivo pela TV Justiça. Nessa época, a Operação Lava Jato ainda engatinhava, mas já havia suspeita do uso da Petrobras como fonte de propina para abastecer cofres de partidos aliados, aumentar o patrimônio pessoal e familiar de políticos, empresários e servidores corruptos. Montara-se um sofisticado mecanismo de corrupção sistêmica que, no poderoso grupo Odebrecht, abrigava até mesmo um setor de operações estruturadas, com a finalidade de controlar os pagamentos de propinas, tal o seu gigantismo.

Agora, neste setembro de 2018 – depois do muito que se conhece do submundo da política, do conluio entre políticos, empresários e partidos para assaltar o poder no Brasil -, não está fácil transferir para Fernando Haddad o potencial eleitoral do Lula, expresso em todas as pesquisas de intenção de votos. Transferir votos, no curto período de um mês de campanha, é tarefa gigantesca. Até mesmo para um personagem carismático com feição de mito, como o Lula.

Como enfrentar o desafio?

Lula insiste em prolongar sua candidatura até os últimos recursos, como disse Haddad. Para quê? Para garantir o nome e o retrato de Lula na urna eletrônica! Seria um voto fantasma. Vota-se no Lula e elege-se o Andrade. Andrade? Isto mesmo. Andrade, como está sendo chamado no Nordeste, a fim de popularizar o professor paulista. Esse artifício não é novidade.

Cajazeiras já viveu essa experiência.

Em 2012, o eleitorado confirmou na urna o nome de um médico e Cajazeiras ganhou uma dentista. Não é ficção. É tática eleitoral. Esperteza. Agora o PT busca levar ao Planalto o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, aquele que foi derrotado ao tentar a reeleição, há exatos dois anos, mesmo sendo carregado por Lula e ajudado pelo cearense Ciro Gomes, numa cidade cheia de nordestinos. Nem assim deu certo.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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