Da morte não escapa ninguém
“Orai e vigiai, pois, não sabeis nem o dia e nem a hora”. Disse Jesus. Como é notório, todos chegaremos ao final de nossa existência, querendo ou não. É uma realidade transcendental pela qual todos passarão: ricos, pobres, agricultores, doutos, analfabetos , famosos, latifundiários, Presidentes, Generais, Papas. Não escapa ninguém. Graças a Deus! Jesus, nas suas palavras supracitadas, queria dizer o seguinte: a morte é inevitável, por conta disso, preparem-se para o encontro definitivo com Deus.
Infelizmente, nesta sociedade materialista, hedonista, consumista ,por que não dizer, secularista, muitas pessoas poderosas,endinheiradas,cheias de vida,encasteladas nas suas vaidades,vivem como se não fossem morrer. A cada dia que passa, preocupam-se mais e mais com status, beleza física,satisfação pessoal, poder, notoriedade, e com seus bens materiais. No tocante aos bens terrenos, vivem obcecadas, sempre pensando adquirir mais, ganhar mais, lucrar mais, para isso, passam por cima da ética, da moral, explorando os pobres, praticando todo tipo de corrupção. Para essa gente gananciosa, orgulhosa, vaidosa, valea sentença bíblica: “Vaidade das vaidades tudo é vaidade”.
Para esses semi-deuses, o que importa é o viver no aqui e agora.. O pior, é que esse comportamento ilusório é praticado muitas vezes, por pessoas que se dizem cristãs,que vão à igreja ou templo, lêem a Bíblia, se confessam , recebem a Eucaristiae louvam a Deus. Mais que hipocrisia desses cristãos. Eis o que diz Jesus: “Nem todos aqueles que dizem Senhor, Senhor, será salvo”.
Para que tanto apego às coisas desta vida efêmera? O que adiantatanto orgulho, vaidade, arrogância, prepotência, ambição? Quantas pessoas, pelo fato de ganhar bem, morar em mansões, possuidoras de diplomas, de anel de ouro (médicos, juízes, promotores, advogados, engenheiros, etc.), ter bons empregos, ocupar cargos importantes na sociedade, só pisam no chão porque é o jeito, e mal falam com as pessoas simples, humildes, necessitadas, tratando-as com indiferença, arrogância, prepotência, como se esses queridos filhos de Deus, não fossem pessoas humanas com a mesma dignidade.
Acontece também, que muitos dessas pessoas,antes pobres, de família humilde, da roça, pelo o fato de sua ascensão profissional,financeira,passam a desconhecer seus parentes humildes,suas origens,seu passado:
-“Seu pade,eu tenho um primo,que agora é doutor, ganha muito, anda só de carrão,Agora seu pade,ele passa por nós, e nem dá um bom dia. O bicho tá todo orgulhoso. Passa por nós, como se nós não fosse família dele”.
“eu tenho uma prima rica,só anda de carro importado, uma vez eu tavanuma festa e uma pessoa perguntou pra ela: fulana você é família desse camarada? Ah,seupade,ela disse : ele ainda é parente de meu pai,mas bem distante.Nojenta,sou sobrinho do seu pai,pensei eu.Pense num desgosto.Antes, a gente andava de jumento pra roça,e hoje ,nem me conhece.Tá bom,entrego nas mãos de Deus”.
Para essa gente granfina, não me toque, o mandamento cristão do amor ao próximo, inexiste. Para esses semi-deuses,ou estes “imortais”,vale a máxima de São João da Cruz: “no entardecer da vida,seremos julgados pelo o amor”.
Vejam bem o que tenho ouvido de muitas pessoas humildes:
-“Padre, o médico me tratou mal. Ele mandou que eu me afastasse dele, eu não sei por que seu padre, eu acho que porque eu sou pobre. Isso foi numa consulta, padre”.
-Seu padre, só porque sou pobre, não tenho nada na vida, fuimal recebido pelo juiz. Ele, seu padre, falava comigo gritando, e eu seu padre só fazia chorar. Depois, voltei para minha casinha, e minha filha de meu um chá prá eu me acalmar. Olha, padre, só porque eu só pobre,tenho certeza disso”.
-“Meu querido padre, uma vez eu fui a casa de uma pessoa rica da cidade, e quando bati palma,fui logo ouvindo:o que é,o que foi,tá não, pode ir embora. Fiquei um capeta”.
-“uma coisa vou dizer ao senhor, seu padre,quem é pobre neste mundo é tratado como cachorro. Veja padre, as fila nos hospitais, só tem mesmo é gente lascada vida, sem nada prá viver. A gente não vê um rico na fila, nem esses filhos de papai”.
-“eu conheço uma moça, padre, que depois que se formou em medicina, agora é outra pessoa: orgulhosa, vaidosa, parece que não é filha de Deus. Ela era pobre, e agora ficou tão besta”.
-Olha padre, o pobre, quando chega no hospital,numa repartição pública, é tratado como gato,como bicho,ninguém olha pra ele.e quando é atendido, é atendido de forma grosseira,nojenta,seu padre”.
-Padre Djacy,uma vez eu tava na estrada,passou um parente meu ,ele é doutor,e nem olhou para mim….eita bicho orgulhoso esse meu primo”.
-“Padre,me diga uma coisa, lá no céu, tem esse negócio de gente que foi importante na terra,ocupar os primeiros lugares?.Se for assim,seu padre Djacy,,a gente ta é lascado. Nem no céu o pobre tem vez.Vixe Maria”
-“Padre, tem gente que quando se forma, ou arruma um bom emprego, não fala mais com a gente, fica toda orgulhosa, antipática”.
Muitas vezes, essa gente pensa que é imortal,que vai morrer, apodrecer e feder, tem até nojo de pegar na mão dos seus semelhantes( literalmente falando), pelo fato de serem pobres. Há patricinha ou mauricinho, que quando está no seu carro importado, mais parece um robô: empina o nariz, endurece a cara e mal olha para as pessoas. Parece que não é mortal. Besteira das besteiras, tudo é besteira. Um dia a morte pega esses granfinos e sua carne vai apodrecer para a felicidade dos germes. Duvido que seu dinheiro, sua beleza física, seu anel de doutor venha em seu socorro. Essa gente pensa que não morre, que não tem julgamento por parte de Jesus, que disse: “Ai dos que maltratam os pobres”.
Nas missas de exéquias, faço questão de chamar a atenção dos cristãos para a brevidade da vida. E cito muitas expressões bíblicas, tais quais: “Não temos morada permanente neste mundo”;
“Não dura muito o homem rico e poderoso; é semelhante ao gado gordo que abate”; “morrem os sábios e os ricos igualmente”;
morrem os loucos e também os insensatos, e deixam tudo que possuem aos estranhos”; “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”; “nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num abrir e fechar de olhos” ; “nós porem, somos cidadãos do céu”.
Assim,como tudo aqui é efêmero, penso preparar meus fiéis para o último instante da vida, e seu encontro definitivo com o Pai.
Uma coisa eu digo e sem medo de errar. O cemitério é o lugar onde todos moram bem coladinhos: pobres, ricos, doutos, gente importante de narizes empinados. Pensem num lugar, onde todos são iguais? Agora, o negócio não é no cemitério, é na outra vida. Certamente, os pobres terão prioridade na Casa do Pai. Lembremo-nos da famosa parábola do famigerado rico e do pobre Lázaro, contada por Jesus. Então, reflitamos, antes que seja tarde.
“Ninguém se livra da morte por dinheiro. Nem a Deus pode pagar o seu resgate; A isenção da morte não tem preço; não há riqueza que a possa adquirir, nem dar ao homem uma vida sem limites e garantir-lhe uma existência imortal. Morrem os sábios e os ricos igualmente; morrem os loucos e também os insensatos; e deixam tudo que possuem aos estranhos”.
“A morte é justa e vem para todos indistintamente”. É o que diz o Salmo 48(49):
Quero ver os figurões, os granfinos, os importantes, os mandões, os não me toquem, os narizes empinados escapar dessa. “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. E eu não estou nem aí.
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