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Damião Fernandes

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Democracia as Avessas! Em Cajazeiras

16/01/2012 às 20h30

A política e as peripécias politiqueiras dos profissionais nessa área sempre é um assunto bastante comentado. E muito mais será neste ano de Eleições municipais. Mas o verdadeiro significado da palavra política sofreu alterações desde a existência do filósofo Aristóteles, o qual escreveu a obra homônima e que deve ser considerado o primeiro tratado sobre a natureza, as funções, as divisões do Estado e sobre as várias formas de governo, predominantemente no significado de arte ou ciência do governo.

A partir de então, foi utilizado o conceito sempre se referindo ao Estado ou a algo ligado a ele. A consequência é que os cidadãos não se acham enquadrados no meio político, o que deve se considerar um erro grave, pois todo o ser humano é um ser essencialmente político porque vive em sociedade e toma atitudes que afetarão não só a si próprio como aos que estão em volta.

O conceito de política desgastou-se também devido às más atitudes das pessoas eleitas para serem representantes do povo e com o passar de um certo se tornam traidores da confiança do Povo e quando tão frequentemente, seus algozes. A partir dai, a noção de Democracia foi errônea e preconceituosamente compreendida.

Democracia, que etimologicamente significaria um governo popular, do povo, teve o início já marcado por uma distorção. Na época do seu surgimento só era considerado cidadão aqueles que tivessem certo poder aquisitivo e status social. A maior parte dos habitantes da Grécia não fazia parte desse grupo, mostrando-se que, na verdade, essa “democracia” estaria mais próxima de uma oligarquia (governo de poucos).

E na realidade é o que presenciamos muitas vezes em nossa cidade, a cidade que ensinou a Paraíba a Ler – é o que gostam de afirmar. Presenciamos uma prática política baseada em argumentações vazias e inúteis, em acusações estratégicas com o único objetivo de mudar o foco da discussão coerente, com propostas sérias. Até por que, conversa séria é o que menos interessa a inúmeros homens públicos ou àqueles que pleiteiam algo desse tipo.

Em Cajazeiras, assim como acontecia na Grécia antiga, é dada uma grande relevância ao poder aquisitivo, ao status social e a que fileira partidária o individuo pertence. A partir dessas “qualificações” é que seu futuro social é determinado. Dependendo desses “atributos” ele pode ou não ser bem atendido em um Posto Médico, ter ou não o saneamento e os buracos de sua rua resolvidos. Pode ou não ter a liberdade de tirar uma simples foto de uma repartição pública ou de funcionários que estão há vários meses sem receber seus pagamentos.

Se você duvida, faça a experiência de perguntar ao repórter fotográfico do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, José Cavalcante Júnior, que denunciou nesta segunda-feira (16), que um funcionário da Infraestrutura, identificado por “Nego Rosa”, tentou agredi-lo e ameaçou de quebrar seu instrumento de trabalho – uma máquina fotográfica – por causa de uma simples foto. Nesta pólis, a Liberdade de ir e vir do individuo é clara e tiranicamente cerceada. Uma cidade onde impera a tirania, mesmo que seja subjetiva e não ainda legalizada, jamais poderá oferecer bem-estar ao cidadão.

Em Cajazeiras ou onde o monopólio do poder estiver nas mãos de homens públicos que pensam que são reis e esquecem que devam estar a serviço da sociedade e por extensão do cidadão e não a serviço de seu narcisismo político, sempre veremos coisas semelhantes ou piores. A verdade é que, onde esses fatos acontecem, á grande massa popular cabe sempre estar á margem das mais sérias e importantes decisões e benefícios. O entendimento político tanto lá (Grécia) como aqui (Cajazeiras) ainda se apresenta preconceituosa, relativista, individualista e por que não dizer oportunista.

Homens públicos desta pólis, se utilizam de expedientes politiqueiros e medíocres na tentativa de comprar a consciência individual das pessoas, prometendo melhores condições sociais ou promovendo grandes festas com orçamentos estratosféricos, enquanto servidores amargam seu salários atrasados. Percebemos que a teoria é bem diferente da prática. É preciso que a sociedade se conscientize do seu papel na formação de um governo justo e solidário.
 

“Uma sociedade justa pode ser realizada somente no respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana. Esta representa o fim último da sociedade, que a ela é ordenada.” [Doutrina Social da Igreja]

DESPERTAR É PRECISO
“Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.”
(Vladimir V. Maiakovski, poeta russo)


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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