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Abraão Vitoriano

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Dinheiro, Voto de cabresto e famílias tradicionais

18/10/2010 às 10h32

Nestas eleições, o dinheiro, o voto de cabresto e a influência direta de famílias tradicionais no ramo da política prevaleceram. Foi feito o nove fora. Tudo confirmado. Nada de dúvida. Apesar de todo um trabalho de politização, de querer que o povo se libertasse ,votando com seriedade, responsabilidade e de forma livre, falou mais alto a força irracional desses três elementos supracitado. O povão foi vencido

Dinheiro. Tenho percebido a força arrasadora do dinheiro nestas eleições. E a prova está aí: a grande maioria que conquistou um mandato,seja federal ou estadual, é composta por pessoas ricas, abastadas, possuidoras de muitos bens. E a pergunta que não quer calar: como funcionou a força arrasadora do dinheiro? Houve compra de votos? Alguém recebeu dinheiro para gastar na campanha (os famosos cabos eleitorais) e, se o recebeu, como foi gasto? O que fizeram com toda a dinheirama? Infelizmente, nesta Paraíba, ganha quem tem dinheiro, e muito. O que prevalece não é o passado de luta do candidato, sua idoneidade moral, seu desejo de conquistar o poder para bem lutar pela coletividade, mas, sim, a força onipotente do dinheiro. Quem tem dinheiro, ganha; quem não o tem, perde.

Uma coisa posso dizer, sem medo de errar. Se Jesus Cristo, com toda sua luta em defesa dos pobres, dos excluídos, dos sem vida, em fim, da cultura da vida, fosse candidato, perderia feio, porque o que prevalece nas eleições, no Brasil, especificamente na Paraíba, é o poder do dinheiro. Quem não tem dinheiro, não invente de ser candidato, porque amargará triste derrota.

Voto de cabresto. Aqui no interior, o voto de cabresto funcionou a todo vapor.O povo foi tratado como massa de manobra.Os líderes políticos locais, usando a força do poder político, manteve o povão no cabresto. Ai de quem não votasse nos seus candidatos, pois, após as eleições, estaria no olho da rua, caso dependesse do empreguinho de prefeitura. A pressão ou tortura psicológica foi uma ferramenta utilizada como estratégia para conquistar o voto dos pobres, dos sem emprego, dos sem salário…

Ouvi de muitas pessoas essas tétricas palavras:
-“olha, padre, chegaram na minha casa umas pessoas importantes e me disseram: se vocês não votarem nesses candidatos, não nos procurem mais. Aí, seu padre, a gente que é pobre, que depende dessas pessoas, não podia dizer não”.
-padre, eu vou votar nos candidatos do prefeito, do vereador tal, do doutor fulano e cicrano, do empresário tal, nós dependemos deles. “Eles são tudo prá nós”.
– “O vereador ou prefeito me falou assim: esses são meus candidatos, votem neles, coloquem retratos deles na parede da casa”.
– “Padre, se eu não votar nesses candidatos, minha vida vai estar em jogo, ai de mim se eu não votar, o canção vai piar”.
-“padre, fulano e cicrano entravam na minha casa e ia logo dizendo : esses são nossos candidatos, votem neles, você e sua família”.
– “Triste de quem depende desses caras, padre, a gente é obrigado a votar nos candidatos deles”.

Para nossa desgraça, ainda reina, no interior do nosso estado a famosa cultura do coronelismo. O coronelismo está mais vivo do que nunca. Engana-se quem pensa que essa praga foi extinta.

Diria, sem medo de errar, que o povo pobre, sofrido, dependente, não foi livre para votar, para escolher espontaneamente seus candidatos. Essa gente encabrestada votou conforme candidatos apresentados pelos seus líderes. Não houve escolha de forma livre, democrática.

Famílias tradicionais. As famílias tradicionais, que vivem da política, composta por Pai, mãe, filho, neto, saíram bem sucedidas nestas eleições. Para essas famílias, política virou um bom negócio. Para isso, foram à luta, visando tão somente o poder com tudo o que lhes oferece. E você pode perguntar-me: padre, essas famílias são pobres, humildes, que sabem o que é sofrimento? Responderia dizendo que não. São famílias ricas, que só sabem o que mordomia, bem estar. Os filhos estudam nas melhores escolas do estado ou do País, têm plano de saúde, comem do bom e do melhor, viajam nas férias para o exterior, são freqüentadores assíduos dos melhores restaurantes e dos modernos e sofisticados shoppings centers, e dinheiro nunca foi problema. O poder, com toda sua regalia, é o que lhes interessa. É o imperialismo de certas famílias neste recanto de chão brasileiro. O curral eleitoral ainda está vivo.

Concluiria fazendo alguns questionamentos. Os candidatos que conquistaram o mandato para o senado, para Câmara Federal e Assembléia Legislativa, são, na sua grande maioria, pobres, financeiramente falando? São pessoas destituídas de bens? Vieram das bases? Têm história de luta pelo o bem estar da população paraibana? São pessoas ligadas a algum movimento social? Alguns que ganharam sabem o que é fome, miséria, sede, sofrimento? Muitos desses eleitos têm convivência direta com a população pobre, excluída, marginalizada? Ante das eleições, bem antes, o que fazia essa gente rica, endinheirada? Estava engajada em algum movimento social na luta por saúde, segurança, reforma agrária, moradia, educação de qualidade, etc.? E chegando ao poder, o que pretende fazer pela população pobre, sofrida desta Paraíba? Vão fazer do seu mandato, um mandato popular, abraçando bandeiras de lutas em defesa da população sofrida, ou vai simplesmente anestesiar o povo com a famigerada política assistencialista? Aliás, a elite (os poderosos, os ricos) é especialista nesse ramo.
 

Abraão Vitoriano

Abraão Vitoriano

Formado em Letras e Pedagogia. Pós-graduado em Educação. Escritor. Poeta. Revisor de textos. Professor na Faculdade São Francisco da Paraíba e na Escola M. E. I. E. F Augusto Bernadino de Sousa.

Contato: [email protected]

Abraão Vitoriano

Abraão Vitoriano

Formado em Letras e Pedagogia. Pós-graduado em Educação. Escritor. Poeta. Revisor de textos. Professor na Faculdade São Francisco da Paraíba e na Escola M. E. I. E. F Augusto Bernadino de Sousa.

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