Dona Joana, minha mãe!
Sempre achei que Mãe deveria o único Ser a ser eterno. Mãe, na verdade não deveria morrer nunca! Tamanha é a sua profunda interferência em nós. Gingatesca é sua influência naquilo que somos e naquilo que nos tornamos. Neste sentido, a poetisa e escritora Silvana Stremiz escreve: "O amor de uma mãe não tem fronteiras, não tem limites, nem condições. Nos ama sem pedir nada. Amor incomparável. Ninguém vai nos amar como você. Por este amor mãe eu digo obrigado". Amor de mãe é exatamente assim.
Minha mãe se chama Joana. Mulher negra, estatura mediana, por circunstâncias da idade, de passos lentos e cansados, mas um olhar luminoso e profundo. Conhece muito bem quando cada filho está passando por alguma perturbação. Seu olhar consegue enxergar muito além das aparências.
Uma mulher plural entre tantas, mas que traz em sí a marca da singularidade daquelas que amam profundamente até o esquecimento de sí. Daquelas que não tiveram necessidade de frequentar bancos escolares pra aprender a grande arte da vida: A arte de fazer sua vida, amor. Dona Joana é essa mulher de fibra, de força e de fé.
Mulher, que mesmo diante de inúmeras dificuldades, não recuou diante da missão de criar os filhos a qual Deus lhe confiou. Criou a todos, amou a todos, educou e protegeu a todos, mesmo aqueles que morreram enquanto pequenos, tendo sua temporalidade reduzida. Porém, jamais sentira reduzido o amor de sua mãe por eles.
Por isso nunca se poupou fisicamente por causa de seus filhos e de sua família. Nunca se vergonhou de desempenhar os trabalhos mais simples e humildes para que fosse possível alimentar e criar seus filhos: tanto trabalho já desempenhou: já trabalhou na roça catando algodão, já trabalhou lavando roupas nas pedras do açude grande, já trabalhou em casas de Famílias. Até já muitas vezes saiu de casa em casa pedindo esmolas, simplesmente pra trazer de volta um dos filhos que estava longe há muito tempo.
Mãe, a senhora foi aquela que primeiro colocou dentro de mim todos os sentimentos bons e todos os valores que hoje trago. Foi a senhora, que com jeito simples, me ensinou que as pessoas não valem o que tem, mas sim o que são. Com a senhora também aprendí que nunca devo me envergonhar das minhas origens, por mais pobre ou sofrida que ela tenha sido.
E como me recordo com saudade, daquelas longas noites, quando esperávamos Carlinhos e Edílson voltarem da “rua dos ricos” – era assim como era conhecida a rua Barão do Rio Branco, que fica por trás do CNSL – onde todas as noites eles saiam com aqueles potes de Margarina para pedir sobras de comidas e eu papai e senhora ficávamos em casa esperando… a espera era longa .Eu já não aguentando mais de tanta fome, a senhora preparava um copo de garapa de água com açúcar e me colocava pra dormir. A senhora me colocava na rede e ia me balançar e cantar pra eu dormir…show de bola!
Assim era a rotina lá de casa, noite a pós noite, dia após dia. E mesmo nessa realidade tão dura, eu nunca me sentí menos amado ou menos cuidado pela senhora. Guardo vivo na memória o seu jeito amoroso de cuidar de tudo; Fazias tudo parecer menos sofrido. O seu jeito tinha o poder de me fazer acreditar que amanhã mesmo sendo tudo igual, também seria tudo diferente. E dessa maneira acontecia.
Ah! Mãe, como ter por ti apenas uma mera admiração ou simpatia!? Como não te olhar e te ter um amor cheio de gratidão, por ver hoje que toda a sua vida e sua saúde foram consumidas por todos nós seus filhos? Aqui está minha experiência. Mas com certeza Carlinhos, Edílson, Ninha, Ném, Célia e Fatinha, todos teriam também suas experiências para contar e um grande amor e carinho para expressar á senhora neste dia!
Obrigado Dona Joana, minha mãe!
Obrigado por sua vida ter gerado a minha! Obrigado, por ter me ensinado que Deus é simples e que sempre está perto. Desde aqui já aprendí o que só depois fui compreender, porque o nome de Deus é Emanuel: Porque sua presença é teimosa e insistente, assim como sempre foi a sua, teimosa e insistente para com todos nós!
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