Dor e esperança na caminhada da fé
Quando Ana de Albuquerque, em 1836, construiu a primeira casa de oração de Cajazeiras e nela introduziu a imagem de Nossa Senhora da Piedade foi o gesto de uma mãe, que com suas próprias mãos erguia um local parao filho celebrar suas missas. Não temos dúvida de que sob este teto a primeira missa celebrada foi pelo Padre Inácio de Sousa Rolim.
Esta iniciativa singela serviu de base para no ano de 1859, no dia 29 de agosto, fosse assinada uma Lei Provincial de nº 5 para transformar a Capela feita por Mãe Aninha, em igreja Matriz e sede paroquial. Com a criação da paróquia, o cajazeirense Padre José Tomaz de Albuquerque foi nomeado primeiro vigário de Cajazeiras e os líderes políticos que pleiteavam a independência política do povoado de Cajazeiras viram concretizado este velho sonho no dia 23 de novembro de 1863.
Esta devoção a Nossa Senhora da Piedade já tem 172 anos e desde o ano de 1972, por Lei Municipal o dia 15 de setembro foi transformado em feriado municipal e como acontece todos os anos foi realizada mais uma festa da Padroeira da paróquia, da cidade e da diocese de Cajazeiras e este ano teve uma toque todo especial com uma reforma que foi realizada na Catedral dedicada a Ela, no altar principal e nas naves laterais (nos braços da cruz), foram construídas a pia batismal e novos altares para o Santíssimo Sacramento, à imagem de Nossa Senhora com Jesus no colo e para São Pio X. No altar mor foi colocada uma relíquia de São Pio X, co-padroeiro e criador da Diocese de Cajazeiras. A reforma deu um toque de beleza muito especial a um dos principais cartões postais da cidade de Cajazeiras.
O coroamento da festa foi a procissão realizada com a imagem de Nossa Senhora pelas ruas da cidade:
“Grande é a procissão a pedir
A misericórdia, o perdão
A cura do corpo e pra alma
A salvação”
Nesta caminhada de devoção e de fé aconteceram dois momentos para reflexões: o primeiro em frente a cadeia pública, onde estão os encarcerados, os privados do que existe de mais sublime no homem: a sua liberdade e na mensagem do bispo Dom José ele falou em perdão e dignidade e em reencontro com a sociedade e a outra parada foi em frente ao Cemitério Coração de Maria, situado no centro da cidade, fundado em 1866 e a mensagem foi sobre saudade e ressurreição.
No semblante do povo, dos devotos de Nossa Senhora e através dos cânticos vinham os pedidos do íntimo do coração de cada um:
“Cubra-me com seu manto de amor
Guarda-me na paz desse olhar
Cura-me as feridas e a dor
Me faz suportar.
Que as pedras do meu caminho
Mesmo ferido de espinhos
Me ajude a passar”.
E o povo cantando pelas ruas, acompanhado pela banda de Música Santa Cecília, entoava: “Senhora da Piedade pedimos com devoção, abençoa esta cidade e aumente a fé no sertão”.
O encerramento foi coroado com uma missa concelebrada pelos padres da nossa Diocese e da Diocese de Natal e a presidência foi fraternalmente transferida por Dom José para Dom Matias, ex-bispo da nossa diocese, hoje pontifica na Diocese de Natal, Rio Grande do Norte, que proferiu uma das mais belas homilias dedicada a Nossa Senhora da Piedade, quando exaltou as “sete dores de Nossa Senhora, principalmente a de ter em seus braços o filho que acabara de morrer crucificado em uma cruz”. Dom Matias exaltou ainda a maternidade de Maria: “eis aí o teu filho” e fez comparação da dor de Maria com a esperança de assumir e ser mãe de todos nós, o nosso refúgio a nossa rainha e encerrou conclamando a sociedade para não votar nos políticos que são favor do aborto.
A festa social deste ano já foi melhor do que a dos anos anteriores, mas precisa haver mais motivação para que ela se transforme numa grandiosa festa do reencontro dos filhos ausentes com a cidade e com sua padroeira. Nossa senhora:
“de joelhos aos vossos pés
Estendei a nós vossas mãos
Rogai por todos nós, vossos filhos
Meus irmãos”.
Que Nossa Senhora cubra a todos nós com o seu manto de amor e em especial o padre Agripino, vigário da Catedral.
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