Drogas, família e política
A menina Bia está longe. Muito longe das drogas e de Cajazeiras. Encontra-se na Fazenda da Esperança Santa Rita de Cássia, em Garanhuns-Pernambuco. Com apenas 14 anos de idade, ela percorre o difícil caminho para recuperar-se dos efeitos perversos do crack, vício adquirido nas ruas de Cajazeiras. Beatriz Ferreira Cartaxo (Bia) é vítima de um dos braços do polvo. O terrível polvo que a sugou quando sua mãe já estava em avançado estágio de degradação moral e física.
Os pais não cuidaram da filha, também eles vítimas da disseminação das drogas, um problema que, até pouco tempo atrás, atormentava apenas grandes centros urbanos e hoje se espraia por todos os lugares, tornando-se grave questão de saúde pública.
Bia, coitada, na sua inocência adolescente, ignora o tamanho do monstro que a fisgou. Desconhece sua capacidade de corroer a sociedade, de infiltrar-se no poder por sub-reptícios processos de corrupção, dominando a alma e o corpo de pessoas e instituições. Nem imagina que o polvo é capaz de mudar até mesmo a geopolítica mundial. Disso, Bia sequer ouviu falar.
Bia não percebe que droga não anda só, que o mal é bem conectado, como a cabeça aos braços do polvo. Bia não sabe, porém, é tão vítima desse monstro gigantesco quanto o padre-deputado Luiz Couto, que o conhece profundamente. E o combate. A droga se espalha junto com a prostituição de crianças e adolescentes, os grupos de extermínio, a pistolagem, o roubo de carga, a lavagem de dinheiro sujo, a violência, enfim, o crime organizado que, em muitos lugares, já é mais forte do que o próprio Estado.
Luiz Couto vive sob proteção da Polícia Federal. Quando põe os pés na rua, lá está a viatura oficial com dois agentes federais, colocados à sua disposição pela Justiça e pelo presidente Lula, para garantir-lhe a vida. Aliás, uma vida preciosa. Por quê? Porque ao longo de dois mandatos de deputado federal, Luiz Couto enfrenta com destemor o crime organizado, braço violento do mesmo polvo que jogou na rua a menina Bia, minha parenta. No exercício do mandato popular, Luiz Couto cumpre perigosa missão, sem medo, sem ódio, correndo enorme risco de ser executado. Com isso, orgulha a Paraíba. Bem entendido, a Paraíba que possui capacidade de indignar-se.
A menina Bia está longe. Demoradas articulações entre Ministério Público, Conselho Tutelar, Igreja e Prefeitura de Cajazeiras levaram-na ao abrigo da Fazenda da Esperança, onde é querida, graças a sua cativante meiguice. E onde faz visíveis progressos até reunir condições para retornar à vida familiar e social. Bia deve ficar na Fazenda algum tempo ainda, monitorada à distância pela promotora pública, doutora Ilcléia de Souza Neves, da Curadoria da Infância e Adolescência.
E Luiz Couto? Quem lhe garante a permanência na Câmara dos Deputados?
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