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Mariana Moreira

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Falsas bandeiras

12/03/2021 às 08h21

Coluna de Mariana Moreira

Por Mariana Moreira

A discussão vem se estendendo nos últimos anos e, ao sabor dos interesses do momento, ganha os mais variados contornos e tonalidades.

Uns, mais afoitos, evocam a tradição e defendem, muitas vezes, com argumentos pífios, bairristas e ufanos, que a condição de cidade metrópole que aglutina em sua órbita uma vasta região, cujas fronteiras extrapolam os limites estaduais, se impõe, por se mesma, como legítima prerrogativa para acolher o equipamento público.

Outros adicionam mais argumentos aos discursos quando advogam que a instalação do serviço será mais uma alavanca a impulsionar o desenvolvimento da cidade, incrementando os serviços que, atualmente, ela oferece e, assim, estimulando outras atividades correlatas. Desta forma, todas as estratégias valem e se justificam para obter este fim.

Paixões a parte, todos os argumentos, independentes de quais matrizes e matizes procedam e sustentem, trazem um ponto de afinidade: a necessidade de articulação e união das “forças políticas” locais para a construção de um compacto bloco de pressão junto as instâncias governamentais responsáveis pela autorização do serviço e liberação dos recursos para sua execução. Ondas hertzianas, mídias sociais ou, até mesmo, as rodas de conversa e fofoca nas esquinas da Lanchonete São Braz (pré pandemia) são inspiradas e motivadas por esses pretextos.

Ou seja, a proposta aguerrida de autorização de construção do Hospital Universitário do Sertão como uma bandeira a ser empunhada por parlamentares que, demonstrando sua força e liderança junto ao governo, consigam superar entraves políticos, burocráticos, partidários e culturais e, assim, obtenham a liberação da construção e operacionalização deste serviço. Todos os pretextos, argumentos, defesas e, mesmo, apelações esquentadas pelo calor das paixões partidárias, trazem como mote central a cobrança de uma atuação mais incisiva dessas “forças políticas”, no atendimento dos “interesses” da região.

Projeções são construídas traçando o desdobramento de carreiras políticas futuras para os que, usando sua força política (não explícitada, “barganha”), viceje a conquista do hospital. E assim, terá para a eternidade “o imorredouro agradecimento dos sertanejos”.

E o debate se arrasta. Inclusive, em tempos de pandemia e de interventor indicado para gerenciar a universidade que pleiteia o serviço. Mais uma vez as vozes se robustecem na cobrança do empenho político das “lideranças” que devem se associar na briga pelo hospital, que se converte em moeda de troca política e perspectiva de projeção e combustível para pretensões político-eleitoreiras de muitos.

E, neste caldeirão difuso de paixões, parcialidades, escusos objetivos, o que não entra em cena é a defesa da universidade pública e o resguardo do princípio constitucional que assegura sua autonomia administrativa, financeira e didático-científica.

Nesta compreensão o hospital universitário se configura como um equipamento indispensável a exigir de todos o desfraldar da bandeira de defesa dos serviços e bens públicos como essenciais ao desenvolvimento humano e social pleno.

Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

Mariana Moreira

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Professora Universitária e Jornalista

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