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Edivan Rodrigues

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Falta planejamento no sertão

22/10/2009 às 23h47

Por Francisco Cartaxo

Na semana passada, escrevi acerca da possibilidade de exploração de minério de ferro em Cajazeiras e de petróleo e gás no vale do Rio do Peixe, além de aplaudir a nova gestão tripartite no Hospital Regional. Comentei esses assuntos sob o calor da expectativa dominante em expressiva parcela da sociedade sertaneja, desejosa de buscar saídas para o desequilíbrio interno na economia paraibana, aliás, desnível acentuado a cada dia pela desproporcional concentração demográfica, econômica e política na Região Metropolitana de João Pessoa. E o fiz refletindo clima de emoção, mas sem perder o senso de realismo que, supostamente, carrego desde longo tempo. Jamais poderia supor, no entanto, que prosaico registro provocasse inusitada reação de um morador de João Pessoa, transmitida assim pelo telefone:

Amigo Cartaxo, foi um alento saber pelo seu comentário que existe algo de novo para puxar o crescimento do sertão. Um alento, escute, há poucos dias, retornei de Taperoá abafado, deprimido, um cenário desolador, sem perspectiva, aquela coisa cinzenta, eu olhava pros lados, indagava de uns e de outros, e não via nada de bom. Ou de novidade. Só enxerguei alegria no rosto das pessoas porque vocês sertanejos são assim mesmo, nunca perdem a esperança.

Foi mais ou menos isso que ele falou, após longa troca de idéias sobre o descaso a que tem sido relegado o Estado, pelas elites políticas nas últimas décadas, a Paraíba transformada em gigantesca urna eleitoral… Ora, se não dispomos de reais vantagens comparativas para competir com os demais estados do Nordeste, resta à Paraíba a alternativa de aproveitar as escassas oportunidades e, em torno delas, congregar a energia dos paraibanos. O passo seguinte seria, reconquistada a auto-estima, partir para vôo maior, consistente, de modo a consolidar uma arrancada decisiva, tendo projetos ousados capazes de sepultar de vez a voz corrente, segundo a qual a Paraíba não tem jeito.

Vozes isoladas ou iniciativas institucionais de discutir rumos para nosso Estado, como tentou o reitor da UFPB, Rômulo Pollari, morrem à mingua de apoio efetivo. Por quê? Ora, porque as elites políticas só se preocupam com os fiapos de poder, a que se agarram com unhas e dentes. De costas para o povo, cercadas de correligionários e amigos atraídos ao aconchego do governo. Isso é tudo. Tudo para eles, já se vê. Para o povo, não. Distraída, de janeiro a dezembro, com a simbólica urna eletrônica, a imensa urna levada ao tapetão, não sobra tempo à Paraíba para olhar-se no espelho.

A propósito, que informações técnicas, por exemplo, detêm os órgãos de Planejamento da Paraíba a respeito das pesquisas sobre petróleo e ferro? Que estudos foram realizados sobre impactos da possível exploração de ferro, petróleo e gás? Que repercussões econômicas e sociais haverá com a chegada das águas do São Francisco? E várzeas irrigáveis de Sousa? E a ferrovia Transnordestina? E mais, como integrar o ensino superior e técnico ao processo de crescimento sertanejo? Que ações foram projetadas para impulsionar a geração de emprego e renda no oeste paraibano? Quantas vezes, a sociedade do vale do Rio do Peixe foi chamada pelo governo a discutir assuntos sérios?

Ah, Cartaxo, você anda sonhando… Não estou. Nada sei de petróleo e ferro. De planejamento, entendo um pouco. Aliás, nem precisava. Basta recorrer ao abc. Planejar é antecipar decisões. Antecipar decisões pressupõe conhecer a realidade, objeto de futuras intervenções para formular projetos. O passo seguinte é debater com a comunidade o seu próprio futuro. Se as pesquisas em torno de ferro, petróleo e gás seguem em fase adiantada, pelo menos, recupere-se o atraso. Se os órgãos de planejamento da Paraíba sonegam dados aos interessados diretos, cometem um crime. Se não os tem, pior ainda. Se não procuram obtê-los das fontes primárias, para que servem então os órgãos de planejamento da Paraíba?

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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