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Edivan Rodrigues

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Fúria imobiliária em João Pessoa

01/03/2010 às 08h32

Por Francisco Cartaxo

O crescimento urbano de Cajazeiras é uma gota d’água, comparado à febre da construção civil de João Pessoa. Em 10 anos, a capital paraibana mudou de feição. Os edifícios agigantam-se cada vez mais, ocupam o lugar de velhas residências da bucólica cidade, a ponto de antigos moradores perderem suas referências. Gonzaga Rodrigues, por exemplo, sente-se estranho, à sombra de arranha-céus, pescoço esticado a olhar para cima. Estaria procurando explicações para o fenômeno? Logo ele, que a escolheu em substituição à brejeira Alagoa Nova. Já se foi o tempo em que Gonzaga contava nos dedos os possíveis compradores de apartamentos nos prédios divisados aqui e acolá, bem nítidos, na paisagem urbana.

Hoje é preciso recorrer à análise econômica para identificar as causas da fúria. A demanda não é formada, apenas, por gente do convívio diário, no papo do trabalho ou de fim de semana, embora gente assim permaneça no mercado com peso reduzido. Surgiram novos agentes econômicos que chegam ao mercado na trilha de modernas redes de atacado e varejo. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercado da Paraíba, Cícero Bernardo, as grandes redes do varejo já representam cerca de 20% do segmento comercial no estado. E veja que elas, as grandes redes, só estão em João Pessoa, Bayeux e Campina Grande, com suas 21 unidades em operação.

Em breve ocuparão Patos, Sousa, Cajazeiras. É apenas uma questão de tempo. De curto tempo, aliás. Cito as grandes redes internacionais e do sudeste brasileiro como mero exemplo do processo de modernização que, na outra ponta exibe o varejo moderno dos shoppings e diversificado conjunto de refinados pontos de venda de mercadorias e serviços. Tal foi sua amplitude que afastou da Paraíba o fantasma histórico da sujeição a Pernambuco. Aqui está, portanto, um dos fios causais para a fúria imobiliária. É claro que João Pessoa não é uma ilha nesse processo de crescimento urbano vertical. Longe disso. Até chega com atraso de décadas, quando se olha para Fortaleza, Natal e Recife. O surto recente no Brasil inteiro tem causas genéricas: a estabilidade da moeda, a largura da classe média, a migração de recursos do mercado financeiro para ativos fixos mais seguros e rentáveis, como os imóveis urbanos. Tudo isso e mais o crédito farto.

Outro fluxo essencial para explicar a magnitude do mercado para os milhares de apartamentos em construção em João Pessoa deságua na segunda residência. Vem de longe, do Sul e Sudeste sobretudo. E do exterior, mais da Europa. O fenômeno da segunda residência é faca de dois gumes, em particular, quando se trata de comprador estrangeiro. Aliás, tem motivado estudos acadêmicos, tais são as injunções econômicas, sociais e culturais que acarreta. Mas isso é outro papo.

Estes e outros fatores explicam por que João Pessoa entrou com fúria no mercado imobiliário. Fúria que leva as construtoras às nuvens, com edifícios de mais de 40 andares, alguns mais altos do que o maior já construído no Recife. E mais: sotaque europeu anuncia empreendimento de 50 andares! Enquanto isso, em Cajazeiras e Sousa, a gente se impressiona com prédios de 12 pavimentos.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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