Gente do interior, gente da gente

Gente do interior. Gente que cultiva alma. Gente do café preto quentinho. Gente de papear na calçada. Gente que se reconhece. Gente que reparte o pão. Gente de redes sobre os fios. Gente que pinta casa de amarelo. Gente que adora alpendre, janela aberta.

Gente que espera o ano inteiro pelo correr do rio. Gente que come batida depois do almoço. Gente que se abraça, deseja saúde. Gente de semblante corado. Gente de encher igreja. Gente que fala mais que o homem da cobra. Gente que enfeita a mesa com jarra de abacaxi.

Gente de palavra. Gente que com mato se cura. Gente de fé. Gente que fala com os olhos, responde com os braços, olha com a boca. Gente que não deixa o terreiro sujo – nem o do vizinho.

Gente que escreve Amor. Gente de sombrinhas largas. Gente de rodilha na cabeça. Gente que se ressuscita.

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Abraão Vitoriano

Formado em Letras e Pedagogia. Pós-graduado em Educação. Escritor. Poeta. Revisor de textos. Professor na Faculdade São Francisco da Paraíba e na Escola M. E. I. E. F Augusto Bernadino de Sousa.

Contato: [email protected]