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Edivan Rodrigues

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Hospital Regional de Cajazeiras

05/07/2009 às 11h06

Por Francisco Cartaxo

O Hospital Regional de Cajazeiras se transforma. E não é pelo uso de cimento e ferro, pedra e tijolo, cal e tinta ou pela compra de equipamentos, mas por causa da maneira de administrá-lo. A mudança se dá por dentro e não por fora. A aparência é a mesma. Porém, numa conversa séria de duas horas com o novo diretor, Antônio Fernandes, compreendi o sentido da transformação. J se pode visualizar novo ciclo na história da medicina no sertão paraibano.

O hospital nasceu graças ao bispo D. João da Mata. Iniciada em 1937, a construção foi transferida, por dificuldades financeiras, ao governo do Estado que o inaugurou em 6 de junho de 1941, como relata o médico Luiz Barreto, em sua História da Medicina em Cajazeiras. Ao longo de 68 anos, o HRC presta, entre altos e baixos, serviços inestimáveis à comunidade sertaneja, além de ser fonte de poder político, com todas as intrigas e disputas daí derivadas.

Nos últimos anos, seu funcionamento vinha sofrendo pesadas críticas, paradoxalmente, quando mais se investiu em modernização. Apesar dos fortes mecanismos oficiais de apoio à saúde pública, a realidade do dia-a-dia levou o HRC a perder credibilidade, de tal modo que pacientes fugiam dele e procuravam melhores alternativas de atendimento, embora mais distantes. Por quê? Em face da má gestão hospitalar, objeto de constantes reclamações na mídia local. E sussurradas à boca pequena. Fala-se, também com insistência, de conduta ética reprovável e de improbidade administrativa.

As mazelas do Hospital ficaram ainda mais expostas após a criação do curso de medicina na UFCG, mercê da necessidade de aproximá-lo do campus, integrando cada vez mais prestação de serviços hospitalares, exercício profissional e campo de estágios para os alunos dos atuais cursos de medicina e enfermagem. E dos que vierem a ser implantados no futuro. Por tudo isso, a administração compartilhada se faz necessária e permanente. Agora é assim: os três entes federativos (Município, Estado e União) integram o novo modelo de gestão, dando-lhe respaldo e seriedade. Cada esfera de governo participa do comando do HRC, sendo que a UFCG, na qualidade de representante da União, assumiu a direção geral.

Até agora, 100 dias sob a égide do novo modelo, muitas coisas já aconteceram. O HRC é um dos maiores hospitais públicos da Paraíba. Tem mais de 60 médicos e capacidade nominal para 150 leitos. Há 4 meses, porém, só havia cerca de 40 leitos disponíveis. Hoje já são 90. O almoxarifado estoca medicamentos para um mês. Adquiridos com decência. Antes, comprava-se às pressas. Nem sempre com decência. Estabeleceu-se escala de trabalho na UTI e fora dela. Escala disponível a quem desejar conhecê-la, aliás, entregue em mãos pelo diretor geral, Antônio Fernandes, aos secretários de saúde dos municípios da região do Alto Piranhas.

Muitas coisas estão acontecendo. Boas para uns, ruins para outros. Por exemplo, eliminaram-se abusivas misturas do público com o privado num mesmo arco. Isso fere interesses. Algumas pessoas não se conformam em ver o HRC em mãos limpas e afastadas de manipulação político-eleitoral. Existem os que reagem às medidas saneadoras. Paciência. Esses poucos vão ter que aceitar a nova realidade, salvo se a sociedade cajazeirense der as costas a seu próprio futuro, agarrando-se a um passado que é prejudicial à maioria e à melhora da saúde da população e do ensino no sertão.

Então o HRC está uma maravilha? A nova gestão resolve tudo? Nada disso. Trata-se apenas do começo da mudança. Para o conjunto da sociedade sertaneja não há solução melhor. Solução que precisa ter continuidade. E apoio. Forte e consciente.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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