Liberdade, liberdade…
Quando eu era estudante do Curso de Ciências Sociais, da Universidade Federal de Pernambuco, vivíamos um período de muita turbulência política no País. Era o período da ditadura militar. A maioria dos colegas universitários da famosa FAFIC, era formada por “divergentes” do regime e não sei quantas vezes ficamos “cercados” pela Polícia Militar e agentes federais pelas manifestações, “ousadas”, que fazíamos contra o governo e em defesa de nossos ideais. Muitas foram as vezes que o diretor da faculdade foi retirado de seu leito, depois da meia-noite, para interceder e negociar com as lideranças estudantis e o comando da polícia para que todos fossem para casa e ninguém fosse preso.
Neste período, muitos colegas tinham um sonho: o de visitar Cuba, inclusive eu. Falar da Ilha era assunto predileto. Fidel e Che Guevara eram os espelhos de muitos jovens universitários.
Hoje, fazendo um balanço e já convencido das excelências da liberdade e da democracia, fico cada dia mais convicto que a revisão de minhas posições foram acertadas.
Neste último dia 19, aos 81 anos, Fidel Castro Ruiz, o mais antigo ditador do mundo, renunciou a presidência de Cuba e a condição de secretário-geral do Partido Comunista e de Comandante em Chefe das Forças Armadas, depois de exercer, ininterruptamente, o comando da ilha por quase 50 anos.
Eu ainda não fui, mas muitos colegas e amigos visitaram Cuba, inclusive um chegou nesta última segunda-feira, um dia antes da renuncia de Fidel e me relatou que eram visíveis a pobreza e a falta de perspectiva econômica da Ilha. Fidel sufocou a todos num totalitarismo em sua forma mais brutal.
Repito, em minha juventude embarquei nesta utopia, acreditando que naquela ilha havia uma definitiva libertação do homem. O que poderia existir de bom no “paraíso” de Fidel, dizia-me este colega, “já que ouvi muitos cubanos formados, lamentando a falta de emprego com salários decentes e manifestando, ardentemente, a esperança de um dia fugir para os Estados Unidos?”.
Volto a ter esperança, a mesma esperança de quando fui jovem, que os cubanos possam ter a sua democracia restaurada, usurpada que foi há quase 50 anos.
A luta de Fidel contra o imperialismo, tendo como principal “inimigo”, os Estados Unidos da América do Norte, pode ser resumida em uma frase, dita pelo mesmo em 1953, durante julgamento depois do frustrado ataque de Moncada: “condenem-me não importa, a história me absolverá”. Sabe-se, que em Miami, cidade que abriga muitos cubanos exilados, a reação à renúncia foi de satisfação.
Aqui entre nós Fidel pode ter muitos admiradores. Mas um fato me chama a atenção: tenho mais de 30 anos de sala de aula, já passaram por minhas mãos centenas de diários escolares, mas não me recordo ter chamado um aluno com o nome de Fidel, enquanto Lênin, Stalin…
Fidel era de um linguajar muito forte e na ONU, em 1979, disse: “as bombas podem matar os famintos, os doentes, os ignorantes, mas não a fome, as doenças, a ignorância”. Nisto, Fidel tinha e tem absoluta razão.
Com a renuncia de Fidel, pode-se almejar a abertura de novo processo na estrutura revolucionária de Cuba. Eu que tive tantas vezes um desejo imenso de conhecer Cuba, mas sob o comando de Fidel, talvez esta vontade se reacenda, mas com novos ares, novas esperanças e com a chama da liberdade acesa no meu coração e no coração de cada cubano e que eles possam voltar a cantar: “liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”.
Vivam os cubanos, que a partir deste dia 19 de fevereiro, passam a viver com novas esperanças, esperanças de experimentar o que Deus deu de mais sagrado ao homem: a sua liberdade.
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