header top bar

Francisco Cartaxo

section content

Morticínio em Cajazeiras e a Constituinte

28/04/2023 às 19h00

Coluna de Francisco Frassales Cartaxo - foto: reprodução/internet

Por Francisco Frassales Cartaxo – Ainda no engatinhar da República, Venâncio Neiva assumiu o comando político da Paraíba. Como presidente, e chefe da facção ligada ao presidente Deodoro da Fonseca, escolheu a representação paraibana na Primeira Constituinte republicana: três senadores e cinco deputados. E recomendou ao Secretário, de apenas 25 anos, Epitácio Pessoa, que preparasse a lista dos futuros deputados. Esse foi o ritual para formar a chapa composta por Pedro Américo, João Retumba, Sá Andrade, Epitácio Pessoa e Couto Cartaxo.

Por que Couto Cartaxo?

O município de Cajazeiras, criado em 1863, tivera até então fraca presença na Província, apesar da notável influência educacional do padre Inácio Rolim. E pouca expressão econômica e política no Império, se comparada a Areia, Bananeiras, Mamanguape, Pilar, Campina Grande, Pombal, Piancó e Sousa. Antônio Joaquim do Couto Cartaxo, advogado, juiz e deputado provincial, por sua vez, estava longe de exibir o prestígio de Pedro Américo ou as credenciais técnicas de Retumba. Portanto, é inusitado Couto Cartaxo figurar entre nossos oito representantes na Constituinte republicana. Há trinta anos procuro explicações convincentes. Comecei a desconfiar que poderia encontrá-las descendo às raízes da história de Cajazeiras. Quem sabe, imaginei, seria o carisma do padre Rolim. Não foi. Logo ele que recusou ser Diretor da Instrução Pública, em meados do século XIX!

Hoje não tenho mais dúvida.

Couto Cartaxo foi o primeiro cajazeirense a entrar no Congresso Nacional por causa do morticínio eleitoral, sangrento episódio político-partidário ocorrido em 1872. No tiroteio morreram seis pessoas, entre as quais um jovem tenente da Guarda Nacional de 24 anos, João Cartaxo, irmão de Antônio Joaquim do Couto Cartaxo. O desdobramento daquela tragédia, o conluio político/judicial/partidário, recorrente no Império, levaram a mãe do líder liberal morto, Ana Josefa de Jesus, – viúva do português que deu origem à família Cartaxo, no Brasil -, a ingressar na Justiça com uma queixa-crime contra o alferes da GN João Pires Ferreira e o tenente da Polícia João Torquato.

Pois bem, quem conduziu as ações no plano judicial e coordenou as articulações políticas, muito além do nível provincial, foi Couto Cartaxo. Por isso, Venâncio Neiva incluiu seu nome na restrita lista de deputados constituintes da República. O livro Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros escritos mostra esse pedaço de nossa história, que, aliás, passa ao largo da historiografia paraibana.

P S – Em Cajazeiras, o lançamento será coletivo, entre 23 e 25 de maio, na sede da ACAL.

Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: