O filho pródigo volta para casa
“Porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado”
O Colégio do Padre Rolim é o que existe de mais representativo na História de Cajazeiras. A cidade cresceu no seu entorno e à sua sombra se projetou nacionalmente. Nada, mas absolutamente nada, faz esta cidade se fazer respeitar no cenário regional, a não ser através da educação, tendo sempre a frente a lembrança do velho e tradicional Colégio do Padre Rolim.
Foi um terrível golpe o seu fechamento. As razões que levaram a diocese de Cajazeiras cerrarem suas portas nunca me convenceram, porque este mesmo educandário, quando os padres salesianos o “devolveu” à diocese, alegando o “pequeno número de alunos” (?), apareceu o sempre líder na educação: Padre Vicente Freitas, afeito a desafios e na solução dos problemas maiores da diocese, o fez “ressuscitar”, para em menos de quatro anos o transformar no que sempre foi: a honra e a glória de Cajazeiras ao tempo em que criava o Ensino Secundário.
Tenho, repetida vezes, afirmar que a diocese existe em função do que sempre representou para a igreja católica a Escola do Padre Rolim, cujo patrono se faz respeitar ao longo de 220 anos, com sua imensa sabedoria e conhecimento e foi capaz de plantar no solo das terras das cajazeiras um oásis capaz de matar a sede e a fome de saber de inúmeros jovens, que através de sua cátedra fez brilhar um novo sol.
Tenho a mais absoluta certeza que todos os ex-alunos do Colégio do Padre Rolim estão radiantes e felizes com a sua reabertura, pois não havia nada mais triste do que dizer: fui aluno de uma “escola que existiu em Cajazeiras”.
Gostaria de ver a volta dos “Quadros de Formatura” ao salão principal do colégio, onde lá figuravam quase dois séculos de história. E vamos torcer e encorajar para que os novos dirigentes, que prometem introduzir novos métodos educacionais, possam atrair a juventude de Cajazeiras e da região para os seus bancos escolares. Ressaltar toda a glória e valor histórico e se fazer encher de orgulho ao se tornar aluno deste estabelecimento de ensino são itens importantes também que se deve levar em conta e dar publicidade o máximo possível. Louvemos e cantemos: a mais importante e histórica escola dos sertões do nordeste reabre as suas portas: sejam benvindos.
Voltar a funcionar uma escola aonde estudaram o Padre Cicero Romão Batista, o governador Ivan Bichara Sobreira e o Cardeal Joaquim Arcoverde é motivo de muita alegria para todos os ex-alunos, onde me incluo e me dava muita tristeza todas as vezes que para ali me dirigia vê-lo vazio da juventude de minha terra.
Com a morte de Padre Rolim, em 1899, a velha escola foi fechada, mas foi reaberta em 03 de março de 1903, numa pomposa solenidade, onde compareceram todas as autoridades da cidade, por determinação do Arcebispo da Paraíba, já que neste tempo nem se sonhava que Cajazeiras, 12 anos depois seria sede de diocese. Na ata de reabertura do colégio, que é talvez, o seu principal documento histórico, constam as assinaturas de todas as lideranças políticas, da classe patronal, de intelectuais, de professores e agropecuaristas.
Ao longo do tempo passou por inúmeras crises, mas nunca passou mais do um ou dois anos sem funcionar, até que há vinte anos assistimos o seu fechamento que se constituiu no mais longo período, desde o ano de 1843, que teve suas portas fechadas.
A nova direção precisa urgentemente tentar recuperar seu rico arquivo, antes que o cupim destrua o que resta, pois lamentavelmente não se teve o devido cuidado com os documentos, cartas, ofícios, fotografias que se encontram em um salão sem os olhos permanentes de uma pessoa que saiba do valor das fontes históricas ali existentes, que têm uma importância fundamental para os pesquisadores e historiadores.
Mas alegremo-nos. O filho que tantas glórias deu ao seu povo, que esteve esquecido num recanto permeado de lembranças e saudades, trancado na memória do tempo, retorna ao seu antigo caminho e é motivo para que se mate o mais gordo animal do rebanho para a celebração do reencontro do filho desgarrado que estava perdido e voltou para casa. Aleluia!
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