O grande artista
Bem, pode pegar o seu bilhete. Conforme nos falamos ontem, não demora muito. São apenas três segundos. Pela porta principal, avistei os outros participantes. Todos queriam seguir pelo pavilhão de brigadeiros. Não vi tanta gente interessada em beijinhos; o coco não faz o tipo de muitos estômagos. Na outra fronteira, olhos de sogra esperavam os provadores. Eram muitos, muitos, muitos. A ameixa tem um encanto diferente, então.
Havia um galpão imenso somente com cajuzinhos. Perdi a conta de quantos entraram no início da tarde. Sei que as surpresas de uva e morango receberam muitos voluntários. Mais de duzentos, afoitos, somente na fase inicial. Não havia amontoado de pessoas, caixas ou veículos. Tudo pensado e organizado. Um mimo. Uma sucursal do paraíso. Mas, o brigadeiro, sem dúvida: o grande artista. Combinavam o doce com nozes, damascos, amêndoas, castanhas e mais castanhas de todas as dimensões. Nem importava se era papel ou plástico o suporte. Quem queria saber disso, não sei.
Por favor, respire fundo, sorria, entre com cuidado. Era o que repetia, com insistência, uma voz compassada, que nunca chegava a incomodar pelo volume. Painéis de receitas, com as mais diversas empreitadas gourmets, eram disponibilizados aos montes, em forma telepática. Saímos com todos os textos decorados, prontos para a execução.
Os produtos com restrições eram outros: sem açúcar, com adoçante, com aspartame, sem gordura, sem glúten, sem lactose. Uma variedade incrível. E ainda encontramos outros e outros: com afeto, sem raiva, com cuidado, sem bagunça. Pequeninos doces que se transformavam em suntuosos bolos recheados: pilhas e pilhas. Nem todos os colegas se tocaram dessa condição. Era natural certa desconfiança, pois éramos centenas. Um batalhão de formigas disfarçadas de humanos.
Olha, mas o brigadeiro, vou confessar, era o campeão mesmo. Ninguém recusava a gentileza dos garçons. Depois de inúmeras provas, seguimos juntos para o prédio das tortas. Cada compartimento era regido por uma cozinheira, que exigia silêncio. Estamos num momento de análise gustativa, dizia ela. Sim. Concordávamos. Era difícil, porém, não fazer qualquer menção de alegria. Quando olhávamos para aquelas cores, milhares de cores e aplicações de cores, sabíamos que era comemoração. Sim. Vamos para a festa.
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